A ATL tem por objetivo congregar escritores e intelectuais de todas as vertentes, propugnar por todos os meios ao seu alcance pela difusão, resgate, promoção e conservação evolutiva da cultura, incentivando sempre a criação literária.
No dia 5 de março de 2005 às 19 horas no Auditório da Escola Liceu de Tauá “Lili Feitosa”, foi fundada a Academia Tauaense de Letras, naquele momento imortalizado 14 Cadeiras com os seus Patronos e respectivos Membros Fundadores.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

DISCURSO LEONARDA FEITOSA

Leonarda do Vale Feitosa e Castro (mãe)
Cadeira nº. 19


Ilustríssimo Senhor Presidente desta Academia Tauaense de Letras, autoridades presentes, meus conterrâneos, senhores, senhoras e jovens presentes.

Sinto-me por demais honrada em participar deste grandioso evento.
Jamais pensei, que a simplicidade dos meus livrinhos, me levassem a galgar tão elevado degrau no seio desta academia.
Reconheço que a grandeza da minha querida “Avó paterna” D. Luiza Linda da Costa Leitão Feitosa iluminou meus passos por onde passei.
E copiando o grande Genealogista da nossa família: Sr. Leonardo Feitosa. (de Arneiroz), apenas procurei repassar aos meus netos, bisnetos e descendentes, a nossa história, os nossos úzos e costumes.
Agradeço a Deus, por mais uma promoção, e aos “Albertos”. Primeiro o médico, bom amigo e humanitário e, hoje ao “Alberto Sobrinho”, bacharel, honrado, culto e bonito.
E lembrando Drumont de Andrade, espero que nunca apareçam pedras no caminho desta conceituada Academia Tauaense de Letras, dando continuidade a cultura e educação dos tauaenses. Este é o nosso objetivo.

DISCURSO LUIZ FALCÃO

DISCURSO DE POSSE DO MEMBRO CORRESPONDENTE
Luiz Carlos Falcão Lordelo
Membro Correspondente
Cadeira nº. 05


É com imenso prazer que hoje recebo das mãos do presidente da Academia Tauaense de Letras, o acadêmico João Geneilson, o diploma de acadêmico membro correspondente, ocupando a cadeira de número 05 que pertenceu ao ilustre acadêmico Antônio Carlos Barreto, filho dos Inhamuns e desta cidade, escritor, poeta, cronista, pertencente da ilustre família dos Barreto.
A Academia Tauaense de Letras tem como iniciativa a preservação e a difusão da língua na sua forma culta e a acessibilidade da produção literária dinamizando e popularizando a literatura elitista. Prefaciando Machado de Assis onde destaca que “a literatura não é para qualquer um, e sim para quem tem o poder intelectual de interpretar”. Contrário a essa ideologia a Academia Tauaense de Letras vem quebrar esses paradigmas de inversalização literária, e de práticas inversas aos discursos daqueles que pregam uma ação literária elitista. Razão pela qual faço parte desta academia, como editor e produtor de livros, popularizando-se difundindo-os no intuito de promover a acessibilidade a todos; e rendo as minhas homenagens a todos os autores que disponibilizam seus escritos sob minha responsabilidade, como parceiros dessa difusão junto aos leitores.

Luiz Falcão Lordelo

quarta-feira, 27 de junho de 2007

BIOGRAFIA DIDEUS SALES

ANTONIO DIDEUS PEREIRA SALES, Poeta, Escritor, Radialista, Folclorista e Produtor Cultural. Nasceu no dia 02 de abril de 1962 na fazenda Várzea do Canto, Independência – Ceará. Filho de José Pereira Filho e Maria Cordeira Sales criou-se em Crateús, cidade mais desenvolvida da região noroeste do estado, onde estudou e começou trabalhar no rádio. No campo da literatura popular publicou os livros: Flores Vivas e Mortas (parceria com Hernandes Pereira – 1982); O Sertão de cabo a rabo (1985); Minha Terra, Minha Gente (parceria com Hernandes Pereira – 1986); Matuto do Pé Rapado (1987); Natureza, Paz e Poesia (parceria com Hernandes Pereira – 1990); Florescências (1991); Colheita de Versus (1994); O Sertão em Verso e Prosa (1999); Nos Cafundós do Sertão (2003); Veredas de Sol (2006). Transportou parte de sua produção poética para o áudio, lançando os CDs “Frutos Poéticos”, “Alma Brejeira” e “Cantilena” este último em parceria com o cantor e compositor Acauã.
Como Radialista trabalhou em várias importantes emissoras do Estado, destacando sua passagem pela rádio Difusora dos Inhamuns em Tauá, no biênio 1997/98. Como folclorista e produtor cultural realiza palestras e eventos em todo o Ceará e em outros estados da Federação. Dirige a revista “Gente de Ação”, veículo de divulgação cultural e política, que circula mensalmente no Estado. Pertence as seguintes agremiações: UBE – União Brasileira de Escritores – SP, Casa do Poeta Lampião de Gás – SP; Associação dos Poetas e Violeiros de Alagoas – Maceió; UBT – União Brasileira de Trovadores – RJ; Sindicato dos Radialistas Profissionais do Ceará, ACEJI – Associação Cearense de Jornalistas do Interior e Academia Camocinense de Letras.

terça-feira, 26 de junho de 2007

BIOGRAFIA BERNARDO DE CASTRO

Bernardo de Castro Feitosa
Patrono - Cadeira nº. 34

Doutor. Depois de formado em odontologia pela Faculdade de Medicina da Bahia, tendo por contemporâneo o Dr. Raul Leite, fundador do famoso Laboratório que tomou seu nome, o Dr. Bernardo bacharelou-se em Direito pela Faculdade do Ceará em 1915, tendo por companheiro de Turma Leonardo Mota, Manuel Antônio de Andrade Furtado e o Desembargador Daniel Lopes, sendo este colega de <> e de Magistratura , e muito se estimavam. Nasceu em Cococi que, então fazia parte do Município de Tauá, era filho de José de Sousa Castro Feitosa e de D. Mariana Alves Feitosa. Faleceu em novembro de 1928, em Mombaça, onde desempenhava as elevadas funções de Juiz. Antes, exercera os cargos de Promotor Público em Barbalha e de Juiz em Independência e Tamboril.
Contribuição: João Geneilson Gomes Araújo

segunda-feira, 25 de junho de 2007

POEMA DIMAS MACEDO

Poema

Há uma hora em que nos decompomose
indefinidamente vagaimos
entre rosas de sangue.

Há uma hora em que nos despimos
e ocultamos o rosto
e velejamos pelas bordas do caos.

Há uma hora em que copiamos o sonho
e tecemos loas ao tempo
e nos rendemos exaustos.

Há uma hora em que não é possível
o compasso do corponem o corpo
se quer sua memória.

Há uma hora em que morremos
e uma hora em que o poema
se torna uma necessidade inarredável.

Dimas Macedo

segunda-feira, 18 de junho de 2007

SONETO SEBASTIÃO CAVALCANTE

DESCRENÇA E TREVA
(Sebastião Cavalcante - Tauá In: Revista Fortaleza, abril 1907.

Ali, represo ao pé de colossal barreira
Grande volume dagua, esparsa junto à vila,
Com flavo brilho de ouro enfeita-se e rutila
Do sol à projeção melífua, derradeira.

E o sol no ocaso imerge. A superfície inteira,
Dagua não mais tresluz serena, mui tranqüila.
Da noite já o sedal escuro vem cobri-la,
E enfim todo o esplendor esvai dessa maneira.

Se foge uma esperança, uma ilusão ou crença
Que temos, qual farol, na senda desta vida,
E assim foge seu brilho excelso num momento.

Vem-nos do desengano a espessa treva imensa
Também nossa alma cai descrente, amortecida,
No negro pesadelo, atroz desalento.

Contribuição:
Anamélia Mota

sexta-feira, 15 de junho de 2007

SONETO MÁRIO DA SILVEIRA

MEU VERSO (Mário da Silveira, 1916 In: Coroas de Rosas e Espinhos, 1922)

Meu verso é fruto de ouro e sangue ideal que tem
Como um jambo sem par, todo feito de mel,
Grego filtro pagão, onde o amoe e onde o bem
Transfiguram num beijo o mal da sorte infiel.

Tal um fino buril, tal um sonho também,
Tal o gérmen vital de um divino pincel,
Ele traceja um quadro irial da vida, sem
O dispersivo tom dos quadros a pastel.

Faça-o e bruno-o de cor. Mas quanto é duro o ideal!
Como é ruim perseguir, arrebol a arrebol,
Uma rima que foge à plástica imortal!

Meu verso é um Prometeu agrilhoado no chão,
Um reflexo de luz, um bocado de sol
Que pede a luz, que implora o sol da Perfeição.

Contribuição: Anamélia Mota

quarta-feira, 13 de junho de 2007

ENTREVISTA ADELAIDE GONÇALVES



Entrevistas Adelaide Gonçalves - As lutas sociais produziram suas formas próprias de comunicação e engendraram formas de combate à cultura hegemônica
Por Bruno Zornitta
Adelaide Gonçalves, é militante da esquerda social, historiadora, com interesses de pesquisa e trabalhos publicados na área de História Social, em conexão com História Social das Idéias. Participou do painel "Cultura a serviço de um projeto de sociedade", no 12º Curso Anual do NPC. É professora da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Aos jornalistas que se empenham em construir uma outra comunicação, voltada para os trabalhadores, Adelaide propõe: “Vamos estudar mais, ler mais o mundo à nossa volta. Vamos aprender fazendo a luta social. Vamos ajudar a recuperar o melhor do vocabulário dos precursores socialistas libertários: solidariedade, apoio mútuo. E, como estamos próximos do 8 de março, nos inspiremos na escrita afiada, na memória de nossas Louise Michel, Mary Wolstonecraft, Flora Tristan, Rosa Luxemburgo, Emma Goldmann e no exemplo das mulheres da Via Campesina que arrancaram as mudas da morte para semear a vida. [12.02.2007]

BoletimNPC- Quando se diz que alguém é "culto", para o senso comum, há uma referência à cultura dominante. No entanto, existe uma outra cultura, a cultura popular. Qual a importância desta cultura para a transformação social?
Adelaide Gonçalves - Há um rico e vasto repositório de registros da cultura das classes trabalhadoras desde o seu momento de formação. As pesquisas e estudos históricos que vêm se debruçando sobre este campo comprovam esta afirmação. As lutas sociais, de modo geral, produziram suas formas próprias de comunicação e engendraram formas de combate à cultura hegemônica. Para tomar o caso do Brasil, basta que se atente para o rico capítulo da imprensa dos trabalhadores; nascida em meio às transformações que experimentava o século XIX, capitaneadas pela intensa difusão de “idéias novas”, e por aperfeiçoamentos técnicos que encurtavam de forma vertiginosa as distâncias entre as pessoas, a imprensa dos trabalhadores é uma das mais notáveis expressões da vida dos homens e mulheres que tiveram o seu dia-a-dia marcado pelas vicissitudes do mundo do trabalho. Cumpre destacar nesta imprensa suas dimensões de formação, mobilização, educação e combate. No jornal operário, em perspectiva histórica e apropriado em sua dimensão de documento-fonte-memória – é possível recuperar um largo painel do mundo dos trabalhadores e de sua cultura.
É de se notar que as práticas do associativismo estiveram desde logo combinadas aos mecanismos de auto-esclarecimento: escolas, ateneus, conferências, teatro social, formação de bibliotecas populares, cinema, hinos, estandartes, poesia social, salas de leitura, traduções, bandas de música, - um vasto índice da resistência criativa e da experiência da classe construindo uma contracultura da resistência, da criação cultural como exercício da crítica anticapitalista.
Pouco a pouco, o mosaico das pesquisas vai compondo um largo inventário dessas práticas sociais , inclusive para além dos locais de trabalho, pois é certo que outros espaços de convívio e troca de idéias vão se fazendo. Sinais desta construção no campo da cultura estão presentes nas livrarias, sebos e tertúlias literárias, na aula noturna, na conversa nos cafés, nas discussões em volta da mesa do botequim, nos balcões das bodegas e mercearias, na ida ao mercado e às feiras, na conversa trocada, atrás do balcão, com um ou outro caixeiro mais letrado, nas quermesses. São lugares/momentos, em que a camaradagem vai sendo forjada nos bancos de praça, em volta do coreto, no passeio público, na ida dominical à missa e na visita aos parentes, quando se atualizam as conversas. Na procissão no dia do santo da devoção, nos comícios, nos meetings, nas demonstrações do primeiro de maio, nos festivais operários, na ida ao cinema, nas representações dos grupos amadores de teatro, na formação dos times de futebol. Enfim, são lugares/momentos, repito, de socialização, congraçamento, construção de identidades, afirmação de diferenças e, eventualmente, de (in)formação sobre o mundo que existe além do que a vista alcança.
BoletimNPC- E a cultura de massa, você acredita que ela serve hoje como instrumento de dominação? Seria correto afirmar que o Brasil é um país ocupado culturalmente, que existe um imperialismo cultural?
Adelaide - Basta que se analise em perspectiva de longa duração a história trágica da dominação européia desde o século XVI neste vasto continente. Bem vistas as coisas, terá sido a imposição, a rapina, a destruição, o roubo, o desmanche, o transplante de signos culturais .... Mais avança o capitalismo em suas formas de mundialização, mais se aprofundam seus mecanismos de dominação, mais sofisticada e diversa sua operação de moldar corações e mentes. É preciso situar com propriedade esta longa história da dominação, para que não se olvide a construção da história “desde abaixo” , para usar a certeira expressão de Edward Thompson; os conflitos, os embates, as resistências criativas, as lutas dos que se opõem ao reino da sujeição conformista. É preciso voltar sempre mais aos estudos seminais do pensamento critico, para compreender a natureza e o grau da dominação imperialista em nosso tempo, inclusive no campo dos valores, da arte, da cultura.
Trata-se também de observar as contradições e tensões fundamentais no sistema dominante, em acúmulo e progressiva visibilidade. É de fácil constatação o crescimento da miséria absoluta da maioria da população mundial, em aberto contraste com a riqueza ostensiva e predatória de uma minoria; a crescente marginalização de jovens, desempregados e velhos nos países do centro capitalista, enfim um quadro amplo a demonstrar a impossibilidade de soluções no marco da ordem do capital.
BoletimNPC- Como você avalia o papel da grande mídia na formação cultural dos brasileiros?
Adelaide - Não creio que a chamada grande mídia, por sua natureza, tenha compromissos ou um programa neste sentido. Basta que se veja a grade das TVs comerciais, a cobertura jornalística. Afinal qual é o lugar do teatro, das artes, da literatura, da crítica literária, da música, na “grande mídia”? E isto para não falar dos limites do mercado editorial, da história do livro no Brasil, da literatura inacessível às camadas populares, da ausência de programas públicos de acesso ao livro e do gosto pela leitura, como imprescindíveis bens do espírito.
Isto incide na agregação de outro aporte de interesse em nossa reflexão: o descenso da coesão e intervenção social dos trabalhadores, com a perda das identidades construídas desde o século XIX. A sociedade de consumo, as tecnologias de massificação, são algumas das razões fundamentais para compreender os contornos desta realidade onde o espaço de construção coletiva cede lugar à realidade midiática. Se nas realidades das primeiras décadas do século XX, anarquistas, socialistas e comunistas conseguiram se apropriar da tecnologia da imprensa e a partir dela, no caso dos anarquistas, construíram uma rica experiência no campo da cultura operária e libertária, igual processo não se deu relativo ao rádio, à televisão, ao vídeo e agora em relação à informática. Estes últimos, usados largamente no jogo de manipulação, de padronização e anexação ideológica e cultural, de destruição das diferenças, das diversidades. Essa estratégia tem ainda outro efeito diminuidor da densidade das lutas sociais: a fragmentação dos espaços coletivos cotidianos das classes dominadas, posto que as induções tecnológicas retiram-nos do espaço da rua, da vivência coletiva, para a redução da vida no espaço individual e privado. Adite-se a isto problema de proporções ainda mais graves: a ausência de uma esfera pública democrática, campo de expressão plural e possibilidade de experimentação da criação, do desejo.
A reconstrução desses espaços de sociabilidade, de comunicação e de cultura dos “de baixo”, a reocupação dos espaços públicos, é possivelmente o maior desafio posto a um projeto transformador em nossa sociedade.
BoletimNPC- Em sua palestra no 12º Curso Anual do NPC, você afirmou que "precisamos, em nossa militância, recuperar o primado da política". Como fazer isso diante da atual conjuntura de individualismo e despolitização?
Adelaide - Entendo que é possível e necessário recuperar desde a tradição socialista a recriação política. Nesse sentido, o desafio que é posto ao nosso tempo, numa América Latina em processo de rebelião é afastar o ecletismo teórico e a corrosão do discurso midiático, do eleitoralismo, para encontrar o legado do espírito revolucionário do socialismo. Neste passo, é preciso aprender a ler o sentido mais profundo das lutas animadas, durante quase dois séculos, pelos militantes anarquistas, libertários, ecologistas, feministas, comunistas, mundo afora. As idéias retoras que devemos abraçar, obrigam-nos, para permanecermos à altura do desafio que é posto, a refletir sobre o primado da política. Entendam: não da pequena política eleitoreira, dos jogos medíocres da realpolitik, das pequenas e corrosivas disputas por espaços nos aparelhos de poder. Referimo-nos àquele sentido da Grécia clássica, aristotélico, da política como o cerne da natureza dos homens e mulheres que trabalham, vivem, amam e sonham. Ou, por outra, no sentido renascentista de política como ato de construção da nova sociedade republicana e - completaríamos nós - socialista e democrática. Como fazê-lo? Dito de outro modo: como materializar, aqui e agora, com a urgência do tempo e sob o olhar esperançoso dos que acreditam na ousadia, no marco do capitalismo, o primado da política? Um projeto desta magnitude e natureza é, desde sempre, uma construção. Construção coletiva, mas coletiva não no sentido da retórica vazia que um certo discurso de esquerda proclama, mas não pratica. Construção coletiva autêntica, no sentido de ter a audácia e a beleza de animar, seduzir, mobilizar estruturas de sensibilidades e razões de pertencimento dos muitos desvalidos, humilhados, ofendidos e silenciados. Seduzir pela palavra, pelo gesto, pela ação de reconhecimento do outro, para a luta cotidiana de transformação, para “tornar possível o impossível”.
BoletimNPC- Que recado você deixaria para os jornalistas que se empenham em construir uma outra comunicação, voltada para os trabalhadores?
Adelaide - Vamos estudar mais, ler mais o mundo à nossa volta. Vamos aprender fazendo a luta social. Vamos ajudar a recuperar o melhor do vocabulário dos precursores socialistas libertários: solidariedade, apoio mútuo. E, como estamos próximos do 8 de março, nos inspiremos na escrita afiada, na memória de nossas Louise Michel, Mary Wolstonecraft, Flora Tristan, Rosa Luxemburgo, Emma Goldmann e no exemplo das mulheres da Via Campesina que arrancaram as mudas da morte para semear a vida.

terça-feira, 12 de junho de 2007

SONETO ARISTÓLETES BEZERRA

Antagonismos
(Aristóteles Bezerra em Soneto Cearense, 1997 - pág. 27)

Nos momentos de dor ou de alegria
Da minha vida de sentimental,
Minha dor muito pouco me crucia...
Minha alegria quase me faz mal...

E quanto mais o espírito porfia
Em se julgar feliz, sendo imortal,
Mais preso fica à forte tirania
Da fraqueza da carne sensual!

Dor e alegria: antônimos da vida!
A dor é bem para a alma arrependida,
E a alegria não passa de ilusão!

Dor e alegria: coisas diferentes!
A alegria nos faz quase descrentes,
Enquanto a dor nos leva à perfeiçã

Contribuição: João Geneilson Gomes

sexta-feira, 8 de junho de 2007

DISCURSO DIMAS MACEDO

Academia nos Inhamuns
Dimas Macedo
Membro - Cadeira nº. 39

A microregião dos Inhamuns, capital por excelência do semi-árido do Nordeste, se tem caracterizado, na história do Ceará, pela tenacidade do seu povo na luta contra as intempéries, pela turbulência do seu clã parental e pelas vicissitudes da sua saga de ordem social e política.
Livros como o Clã dos Inhamuns, de Nertan Macedo; História Política de Tauá; de Aroldo Mota; Inhamuns: Terra e Homens, de Antônio Gomes de Freitas; e os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns, do antropólogo e cientista político americano, Billy Chandler, evidenciam, à sociedade, o que são a paisagem, o homem e as relações sociais desta expressiva região do Ceará.
Em Tauá nasceram figuras exponenciais da cultura brasileira, como Francisca Clotilde, Joaquim Pimenta e Fausto Barreto. E agora vejo consolidar-se em seu seio a Academia Tauaense de Letras, sob a liderança de João Geneilson Gomes de Araújo, e cuja trajetória acompanha desde a sua criação.
Viajei a Tauá pela primeira vez para apresentar o livro de estréia de Edmilson Barbosa Francelino Filho, meu aluno na graduação e no curso de mestrado em Direito da UFC e depois meu colega no Departamento de Direito Público daquela Universidade, mercê da sua vocação de jurista e da sua autoridade no campo do Direito Eleitoral.
Hoje regresso a Tauá para receber o Diploma de Sócio Titular da Academia Tauaense de Letras e para ser recebido nesta casa justamente pelo Professor Edmilson Barbosa.
Entre a primeira e a última viagem, um rio caudaloso, nascido no Distrito de Marrecas, foi se fazendo um oceano em toda a minha vida. É em nome desse rio de águas cristalinas e de desejos e afetos sempre renovados, que tomo posso na Academia Tauaense de Letras.
A minha condição de escritor, outorgou-me o mérito de pertencer a diversas academias de letras em vários Estados do Brasil, a exemplo da Academia Cearense de Letras, da Academia de Letras e Artes do Nordeste, sediada no Recife, e do Instituto dos Advogados Brasileiros, com endereço no Rio de Janeiro. Ser membro da Academia Tauaense de Letras, no entanto, constitui um imenso privilégio para mim. E tanto mais porque sei que aqui vou sentar-me ao lado de Dideus Sales, Gilmar de Carvalho, Anamélia Mota, Michel Pinheiro, Adelaide Gonçalves, Antônio Viana de Carvalho e Edmilson Barbosa Francelino, intelectuais que tanto estimo e admiro, assim como estimo e admiro Patrícia Gomes de Aguiar, minha aluna na Universidade e, de último, a dinâmica e operosa gestora deste município.
Tomo posse na cadeira n.º 39 da Academia Tauaense de Letras sob o signo do escritor Ulisses Bezerra: poeta, cientista e jornalista, nascido emTauá, em 1865, e falecido em Fortaleza, em 1920. O elogio que lhe posso fazer (à sua criação literária e à sua memória) é dizer que lhe é uma legenda viva da literatura, como registram os mais eminentes pesquisadores da nossa trepidante história literária.
Orgulho máximo do município de Tauá, no plano da poesia, Ulisses Bezerra foi um memorável agitador de idéias culturais e políticas na fase áurea de consolidação das nossas instituições literárias, ainda no último quartel do século dezenove. Foi um dos fundadores da Padaria Espiritual e seu primeiro – forneiro na época em que Antônio Sales foi presidente da entidade. Ali tomou o nome de batismo de Frivolino Catavento e, como jornalista, colaborou em quase todos os jornais e revistas do seu tempo.
Não sou homem de discursos longos, senhoras e senhores acadêmicos. Prefiro ouvir as reticências e o silêncio do texto, a sugestão da linguagem literária e a música que se esconde nas suas entrelinhas, para aqui ser fiel às lições de Graciliano Ramos e de Machado de Assis.
Agradeço e elogio e o discurso do Professor Edmilson Barbosa. E agradeço também, de forma especial, ao Presidente João Geneilson e a todos os membros da Academia Tauaense de Letras a honraria e o tributo que ora me são outorgados. O título de sócio efetivo da Academia Tauaense de Letras, que nesta noite de glamour e festa me é conferido, constitui, de forma induvidosa, o reconhecimento da minha condição de escritor. Eu o recebo, contudo, em nome da comunidade de Marrecas. E é para Lúcia Cidrão, minha mulher e minha musa, que eu o ofereço.
O distrito de Marrecas está gravado em mim como uma tatuagem, especialmente pelo cheiro gostoso do seu solo, pela atmosfera das suas nuvens pejadas de música e de encanto e pela dignidade da fé com que a sua gente contagia o coração de todas as pessoas.


Posse na Academia
Tauaense de Letras,
em 17/03/2007.

SONETO VITAL BIZARRIA

O Promotor (Ao Dr. Eduardo Girão. Vital Bizarria. Comigo, 1935 2ª ed. 1997)

Em nome da justiça, ei-lo falando
Pedindo a punição de delinqüente,
Exibindo, fiel e claramente,
Uma prova cabal do crime infando.

As eloqüentes frases escutando,
O auditório emudece atentamente;
Fundos remorsos o acusado sente,
A sua negra culpa recordando...

Prossegue o acusador sereno e forte:
Palavra, gesto e sobranceiro porte,
Tudo arrebata dominando a gente...

No entanto ninguém creia que a glória,
Pois, conquistando os louros da vitória,
Ele chora, talvez, intimamente.

Anamélia Mota

SONETO ARISTÓTELES BEZERRA

ANÕNIMO (Aristóteles Bezerra. À Antonio Sales. Transfigurações, 1937)

Anônimo que sou nesta vida terrena
Anônimo serei após a minha morte,
Nenhuma produção deixará minha pena
Que aos pósteros meu nome apagado transporte.

Não lastimo, entretanto, esta falta de sorte
Pois na vida há lugar para uma alma pequena
Que sempre a luz da fé minha vida conforte
Antídoto do mal que o espírito envenana.

Escrevo para mim, sem sonho de vaidade,
Faço votos que são veras fotografias
De desejos que julgo, ás vezes controversos.

Digo que sei sentir toda simplicidade,
Falo do mal, do bem, tristeza e alegrias:
Pensamento que mal traduzo nos meus versos!
Anamélia Mota

BIOGRAFIA JOVITA FEITOSA




JOVITA ALVES FEITOSA.
Patrona - Cadeira nº. 13


JOVITA ALVES FEITOSA, nascida em TAUÁ, em março de 1.848, filha de Maximiano Bispo de Oliveira e de Maria Alves Feitosa, se destacou pela bravura e destemor, preparando a luta contra o Paraguai.
Nesse tempo, com apenas dezesseis anos, órfã de mãe, residia com um tio em Jaicós, no Piauí, e participava vivamente do clamor criado com o patriótico movimento contra o invasor Francisco Solano Lopez, apossando-se do forte de Coimbra no ano de 1.864, à margem do Rio Paraguai, facilmente conseguido por causa da precária situação em que se encontravam os brasileiros.
A expedição paraguaia avançava pelo sul de Mato Grosso, encaminhando-se para a colônia militar de Dourados. Vitoriosos, seguiram para a colônia de Miranda, depois Nioaque, encontrando poucos brasileiros e mal armados.
Pretendiam assim chegar até Corumbá, já tendo conseguido a interrupção das comunicações entre a capital da província e o Rio de Janeiro.

Por pouco tempo o sul de Mato Grosso tornou-se território paraguaio. López pretendia formar outra frente de guerra, atravessando a Argentina para atacar o Rio Grande do sul. O Presidente da nação vizinha negou a passagem das tropas por terras argentinas, o que ocasionou uma declaração de guerra, em março de 1.865, com a invasão pelos paraguaios da província de Corrientes.
No Rio de janeiro as noticias das invasões causaram revolta, e o Imperador Pedro II estimulou o patriotismo entre os homens, com a frase: “ O BRASIL ESPERA QUE CADA UM CUMPRA O SEU DEVER. “.

JOVITA mobilizou a cidade e o campo para que fossem lutar pela pátria. Misturava-se com os soldados, desprezando todos os preconceitos da época. Atendendo ao apelo do Imperador, as mães ofereciam os filhos para a luta, as damas doavam suas jóias, e JOVITA, como nada tinha a oferecer, arquitetou um plano: cortando os cabelos e usando um chapéu de couro, assim se disfarçou em soldado, indo-se apresentar em Teresina, onde se agrupavam os Voluntários da Pátria. E tinha apenas dezessete anos.

O plano foi descoberto. As formas femininas a denunciaram e mulheres curiosas descobriram que as orelhas eram furadas. Mesmo assim, foi aceita pelo exemplo de tão admirável lição de patriotismo, com a obrigação de usar um saiote sobre a farda.
Mulher valente, audaciosa, teve seu gesto admirado em todo o país. Exercendo função militar, esteve em São Luis, Paraíba e Recife, causando entusiasmo em todos. Era aplaudida, presenteada, cantada em versos e hinos. A nossa heroína estava então preparada para a viagem ao Rio de janeiro, em companhia de quatrocentos e sessenta soldados.
Um mês após a partida, chegava à capital brasileira sendo entusiasticamente ovacionada pela multidão que esperava curiosa a Companhia dos Voluntários, tendo entre eles a figura de uma mulher.
Os jornais noticiaram com destaque o fato; o povo aclamava-a com entusiasmo pó onde ela passava e assim a admirável JOVITA viveu os mais intensos momentos de glória.
Passados alguns meses, o Ministro da Guerra, Visconde de Cairú, põe por terra a aspiração da jovem, negando-lhe permissão para a frente de combate. Dava-lhe apenas o direito de agregar-se ao Corpo de Mulheres que irÍa prestar serviços compatíveis com a natureza feminina, na guerra contra os vizinhos paraguaios.

Resolveu permanecer no Rio de Janeiro, decepcionada com o acontecido e fortemente amargurada, sentindo se desfazerem os seus sonhos de jovem patriota e de mulher guerreira que ela era.
Faleceu em outubro de 1.867, aos dezenove anos, longe de sua terra e de sua família, merecedora de grandes elogios pelo valor moral de que era possuidora.
Ficou o seu exemplo digno da admiração de todos os brasileiros.

Carlos Gomes.
Membro - Cadeira nº. 33

quarta-feira, 6 de junho de 2007

DISCURSO MANOEL ENÉAS


Discurso proferido pelo Presidente da USEDATA
Convênio de Parceria USEDATA x ATL



Desde o primeiro instante em que vi instalar-se em Tauá, a ATL – Academia Tauaense de Letras, que compreendi de modo muito claro, uma evidência concreta e palpável, de que se instalava em Tauá, uma atmosfera positiva, para que a lei da atração, encontrasse um campo limpo, um campo fértil, para demonstrar que tudo tem jeito, para demonstrar que quando pessoas de mentes sãs se reúnem e pensam de modo inteligente, elas serão capazes de influenciar todo o universo.

Nada neste mundo ocorre por acaso. Sinto que este grupo de pessoas, sumo da intelectualidade do Tauá, estão a cada dia, oferecendo seus conhecimentos em prol de um Tauá mais esclarecido, em prol de um Tauá que compreenda, que a nossa passagem aqui neste mundo, é muito curta e que não devemos ser mais um apenas, mas sermos pessoas de decisões firmes e que algo realizemos em prol do próximo e da humanidade.

A ATL – Academia Tauaense de Letras, já disse para o que veio. Quantos livros já foram escritos por estes expoentes, acadêmicos da melhor estirpe, pensadores, formadores de opiniões neste Tauá que tanto precisa de pessoas íntegras e independentes. Pessoas sem amarras, pois só estas, poderão expressar os pensamentos mais verdadeiros, vindos do fundo do coração.

Amigos presentes, uma entidade e um grupo com estas características, não pode ficar isolada do mundo, sem se conectar à rede mundial de computadores, para que conhecendo mais e na velocidade que o mundo exige, possa pensar de modo também rápido e em sintonia com a modernidade.

Fiquei altamente sensibilizado, quando percebi que a ATL estava sem condições de se inserir neste mundo maravilhoso da Internet e se apresentava inadimplente perante os controles da USEDATA, este Provedor, pioneiro em Tauá, neste segmento de tecnologia a mais moderna disponível.

E por se tratar de um cliente especial, procurei visitar. Ao ver estas instalações, ao ver a vontade de servir e o que já servia ao Tauá e aos Tauaenses, eu me senti na obrigação e no dever, de encontrar uma solução que fosse capaz de atender de modo nobre a todos nós, ACADEMIA E USEDATA.

Acostumado a compreender que para tudo tem uma solução e já sendo nosso desejo implantar em Tauá, o PROJETO E-USEDATA, encontramos o terreno fértil, através do Prof. Geneilson, Presidente desta Augusta Casa e que com maestria tem conduzido tão bem o teu papel.

Aqui pois, através deste projeto piloto, declaro lançado o PROJETO E-USEDATA, já de conhecimento de muitos, pois já vinha sendo trabalhado desde algum tempo, com muito cuidado e com muito zelo.

Trata-se de disponibilizarmos o acesso à rede mundial de computadores, através da troca de materiais recicláveis. Em um mundo poluído por mentes insanas e agora mais ainda, por grandes quantidades de objetos lançados na natureza, em um mundo preocupado com o aquecimento global, onde até as geleiras já dissolvem e sinalizam um porvir muito perigoso, para o futuro dos nossos descendentes, temos uma obrigação maior.

Eu visitei também o local onde se recolhe o lixo em Tauá e consolidando tudo isto, formalizei uma equação capaz de acender uma luz , neste túnel tão escuro, tão tenebroso e pude compreender, como sempre venho dizendo: LIXO NÃO É MAIS LIXO.

Deste momento em diante, ao lançarmos o Projeto E-USEDATA, precisamos compreender, que ao lançarmos uma folha de papel no lixo, ou uma garrafa, ou uma latinha, é o mesmo que lançarmos uma moedinha, além de prejudicarmos todo um eco-sistema, prejudicando sensivelmente a natureza que levou anos, para se equilibrar e com um agravante: agora tem alguém nos advertindo e lembrando, que não somos mais ignorantes no assunto e que urge ação enérgica e consciente em prol do meio-ambiente.

Na verdade, tudo isto, é o custo do progresso. Quem aqui presente já parou para pensar no que significa a palavra "progresso"?

Mais moradias, estradas, indústrias, usinas, cidades, máquinas e muitas outras tecnologias que não conseguimos nem imaginar. Tudo muito bom e bonito, pois melhoram a qualidade de vida dos seres humanos de uma forma ou de outra, como no transporte, comunicação, saúde, educação, etc. Mas agora pense só: será que tudo isso de bom não tem nenhum preço? Será que para termos toda essa facilidade de vida, nós humanos, não pagamos nada?

Você já ouviu alguém dizer que para tudo na vida existe um preço? Pois é, nesse caso não é diferente. O progresso, da forma como vem sendo feito, tem acabado com o ambiente ou, em outras palavras, destruído o planeta Terra e a Natureza.

Urge, pois, que de modo ágil, seja possível o estabelecimento de um progresso sem agressões ao meio ambiente e mais ainda: seja AUTO-SUSTENTÁVEL.

Aliás, acredito que tudo, tudo mesmo tem de ser auto-sutentável. Essencialmente o desenvolvimento das cidades e das tecnologias. O gratuito não existe, pois não se sustenta ao longo dos anos, nem das exigências do progresso tecnológico. Não funciona eternamente, o paternalismo e as ações isoladas e sem objertivos claros.

Vamos pois, aqui e agora, juntos com a Academia, ampliarmos a INCLUSÃO DIGITAL em Tauá, e com carinho e zelo, tratarmos o meio ambiente, transformando todo o segmento de papel não utilizado na cidade de Tauá, em recursos para o funcionamento pleno e harmônico desta augusta casa.

Alguns aspectos relevantes estamos considerando:

A satisfação das necessidades de comunicação da ATL
A solidariedade para com as gerações futuras, no instante em que preservamos o meio ambiente.
A participação da população, no instante em que repassarão os papéis utilizados à ATL
A elaboração de um sistema social garantindo recursos para um bom funcionamento
A efetivação de um programa educativo e cultural.

Em seu sentido mais amplo, a estratégia de sustentabilidade que imaginamos com este projeto, visa promover a harmonia entre ATL, a comunidade e a natureza, com resultados palpáveis para a esta casa que tem fome e sede de cultura.

O que queremos mesmo, é a compreensão de dois grandes problemas. Atender a esta necessidade clara e insofismável da ACADEMIA e ao mesmo tempo, aproveitarmos este fórum, para o entendimento de que devemos resolver um problema de cada vez e nada como iniciarmos com o trato com o lixo.

Sempre tratado como um conjunto de resíduos sólidos resultantes da atividade humana, ele é constituído de substâncias putrescíveis, combustíveis e incombustíveis. O problema do lixo tem objetivo comum a outras medidas, notadamente uma delas sobressai, pois é de cunho psicológico: O EFEITO DA LIMPEZA DA COMUNIDADE SOBRE O POVO.

Só em imaginar, que em breve, com certeza não veremos nem uma folha de papel no lixão desta cidade, já por si só, justifica nossa vibração por tal feito. Só em imaginar que em breve estas caixinhas com a parceria ATL x USEDATA, será entendida como defensores do eco-sistema, integrando a comunidade tauaense a este conceito maior de sustentabilidade, dou-me por vitorioso nesta empreitada.

Vamos por parte, comecemos com o papel, para entendermos o retorno e a compreensão, depois, teremos a latinha, depois os vidros, depois os plásticos, depois as sucatas de ferro depois os restos de panelas, depois os aros de bicicletas, os tubos de desodorantes e mais uma enorme variedade do que chamamos lixo e que na verdade, com eles, agridimos àquela que só o bem nos dá, que é a natureza.

O desejo mesmo é a consolidação de um Desenvolvimento Sustentável, que atenda às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades.

Estamos atendendo a uma pequena necessidade da Academia, mas nem consigo entender onde poderemos chegar, tão vasto é o porvir, haja vista que para quem promove harmonia entre os seres humanos e entre a humanidade e a natureza, só pode colher frutos dos melhores.

O contexto específico das crises do desenvolvimento e do meio ambiente e a busca do desenvolvimento sustentável requer, essencialmente:

Um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo decisório;
Um sistema econômico capaz de gerar excedentes e know-how técnico em bases confiáveis e constantes;
Um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento não- equilibrado;
Um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do desenvolvimento;
Um sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções;
Um sistema administrativo flexível e capaz de autocorrigir-se.

Espero estarmos contribuindo com a Academia e espero sobretudo estarmos lançando uma semente que haverá de brotar em futuro próximo a devida compreensão da auto-sustentabilidade e da aplicação de ações concretas que incentivem o desenvolvimento, mas que não agridam. Não basta reclamar, não basta ser um crítico de poltrona, que tudo sabe, que tudo aponta, mas nada faz de concreto para o estabelecimento de soluções duradouras e equilibradas.

Senhoras e senhores, a USEDATA, ao elaborar o seu planejamento estratégico para o ano de 2007, priorizou o saber e priorizou a parceria. Rogo a Deus, como cidadão tauaense, que nos ilumine na condução deste processo de crescimento tecnológico, que nos fascina pelo alcance imensurável.

Muita paz, muitas realizações e que todos aqui presentes, consigam ser verdadeiros seres de paz, neste mundo que cresce e se desenvolve a passos tão largos, nos exigindo ações mais concretas, firmes e sustentáveis.


Tauá, 19 de maio de 2007

Manoel Enéas Alves Mota
Eng. Civil – CREA-3636/D
eneas@usedata.com.br
8752-4052

DISCURSO PROF. FEITOSA


Francisco das Chagas Feitosa Lima

Membro - Cadeira nº. 26



Discurso de Saudação ao poeta Dideus Sales

Nascuntur poetae et fiunt oratores – Os poetas nascem e os oradores se fazem.
Dideus Sales, A natureza quis que ele nascesse sob a influência da rima e do ritmo e a sua coragem, o seu amor pela arte fizeram-no: orador, produtor, escritor, e muitos outros títulos com or que tanto lhe enaltecem.
É filho de Independência, lá do sítio Várzea do Canto. Novinho! Poderia ser seu neto. Curioso e irrequieto, acoplou o seu destino nas turbinas do seu idealismo. Fez-se um navegador da nave dos seus sonhos e desbravando o vasto horizonte da cultura, está hoje, aqui no meio de nós, apresentando e fazendo o lançamento do último produto de sua lavra: “VEREDAS DE SOL”.
É membro correspondente de nossa Academia Tauaense de Letras.
Credor de nossa admiração, recebe dos membros aqui instituídos, os nossos votos de boas vindas e feliz estada, em nosso convívio.
Conheci-o através de: Flores Vivas e Mortas, O Sertão de Cabo a Rabo, Colheita de Versos, Florescências; Natureza, Paz e Poesia e, fisicamente ‘para meu deleite, fomo-nos apresentados hoje.
O poeta meus senhores, é como se fosse um caudaloso rio, alimentado por uma bacia geográfica cuja manutenção desrespeita razões que a própria razão desconhece. Ele viaja num espaço cujo limite é o infinito e o seu rastro indelével ultrapassa os umbrais dos séculos.
Dideus meus senhores, que não se arraiga à pragmática porque é sonhador andarilho, é um caçador de emoções, que escreve com rima o que sonha...e colore com o seu canto a dor, do mesmo jeito que o faz com o riso, está aqui. Veio a esse ambiente de cultura, trazendo em sua bagagem mais uma cristalização de suas idéias: Veredas de Sol. Um livro composto de cânticos que representam a dor, o sofrimento, a bravura, a alegria, o amor e a saudade de quantos mourejam, na busca de fantasias, jogadas nas roletas dos sonhos, perceptíveis apenas pelos poetas.

terça-feira, 5 de junho de 2007

POEMA ÁRVORE CORTADA

ÁRVORE COTADA

Joaquim de Castro Feitosa

Percorri a terra calcinada
para ver te
ainda verde.
Sob tua matriarcal fronde
reclinei minha fonte.
Colhi vermelhos frutos.
Refeito da labuta,
parti agradecido
pelo amor que me deste.
Na andança,
encontrei seres aflítos:
animais acorrentados,
árvores mutiladas
e homens alienados.
Ví a terra deserta
ocupada por ambiciosos,
egoistas,
criminosos
que,
roubando tua vida,
estão destruindo
a própria vida

_________
João Geneilson Gomes Araújo

segunda-feira, 4 de junho de 2007

DISCURO - MERCÊS GONÇALVES


Maria das Mercês Gonçalves Costa Barreto
Membro - Cadeira nº. 25

Discurso Solene de Posse na Academia Tauaense de Letras

Em face a exiguidade do tempo, saúdo com respeito, gratidão e alegria, inicialmente a Deus, a nossa Mãe Maria Santíssima, cada componente desta douta mesa, em particular, ao Dr. João Geneilson Gomes Araújo, Presidente desta honrada Academia Tauaense de Letras e ao Dr. Edmílson Barbosa, vice-presidente. A esta dupla incansável meus parabéns por tão grandioso empenho.
Parabéns extensivo aos nobres acadêmicos, demais funcionários, às equipes que organizaram essa magna solenidade. Envolvidos nesse clima de alegria, unidade e amor é que devemos continuarmos para juntos difundirmos e perpetuarmos a cultura de nossa terra. Segundo Madre Teresa de Calcutá “O maior tesouro do universo que podemos ter é o amor”.
Apresentando-me, ao seleto público aqui presente, chamo-me MARIA DAS MERCÊS GONÇALVES COSTA BARRETO, sou filha caçula de uma prole de nove filhos do casal ANTONIO DA COSTA BARRETO e MARIA DAS MERCÊS GONÇALVES COSTA (ambos in memorian), mas que nos deixaram um legado de bons exemplos e costumes que muito me honram.
Nasci aqui. Com apenas cinco anos de idade, minha mãe faleceu. Na pré-adolescência, passei a residir e estudar em Fortaleza, já idealizando cursar Letras, Direito, ser professora, participar da Academia de Letras, ser mãe, ajudar aos carentes, levar a PALAVRA DE DEUS através de livros, artigos, palestras...
Iniciei minha vida laboral aos dezoito anos como professora primária, posteriormente, instrutora do SENAC e SENAI, funcionária pública estadual. Quando Acadêmica de Letras, elaborei várias apostilas, textos, poesias, devaneios próprios da idade.
Conclui garbosamente os cursos de Letras e Direito. Surgiu, então, o concurso para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região que á época tinha jurisdição até Piauí e Maranhão. Em virtude da classificação em primeiro lugar, fiquei no Ceará, indo para Junta de Conciliação e Julgamento do Crato, trabalhando por sete anos. Então, distanciei-me do mundo Literário, mergulhando no Jurídico. Lá, casei-me.
Em 1983, regressei para Fortaleza. Nasceu meu primeiro filho, Adller em 1986 e, em 1991, segundo, Adolph. Tesouros preciosos que Deus me confiou.
Agora, retornando às minhas origens, concretizo mais um grande sonho nesta memorável noite com ingresso na Academia Tauaense de Letras, onde terei como patrono PADRE ACHILLES FEITOSA. Somente Deus pode medir minha emoção, alegria e realização desse momento.

Muito Obrigado!!!

Tauá – Ce 16 de setembro de 2005

sexta-feira, 1 de junho de 2007

BIOGRAFIA JOAQUIM DE CASTRO


Joaquim de Castro Feitosa
Patrono Cadeira nº. 01

“SÍNTESE HISTÓRICA”

Joaquim de Castro Feitosa, nascido na cidade de Tauá-CE, em 30 de Novembro de 1915, filho de Bernardo de Castro Feitosa e Raimunda Alves Feitosa. No ano de 1946 deu-se o enlace matrimonial com a professora MARIA DOLORES DE ANDRADE FEITOSA de cuja prole nasceram os filhos: Bernardo Pessoa de Andrade Feitosa (in memória), José Leôncio de Andrade Feitosa (Médico Cirurgião Cardiovascular, residente da cidade do Rio de Janeiro – RJ), Judith Pessoa de Andrade Feitosa (Engenheira Química e Professora Titular da Universidade Federal do Ceará – UFC), Fátima Lúcia de Andrade Feitosa (Geóloga) e Ana Maria de Andrade Feitosa (Engenheira Agrônoma).
Joaquim de Castro Feitosa é formado pela Escola de Agronomia da Universidade Federal do Ceará – UFC e com larga folha de serviços prestados ao Estado do Ceará. Destacou-se como um defensor intransigente em defesa do meio ambiente e sobressaiu-se no cenário das pesquisas ambientais com diversas publicações técnico-científicas e dentre as mais importantes citamos:

· Fontes Naturais dos Inhamuns, Anotações Climáticas de Tauá; El Niño; Observações Sobre o Cajueiro; Síntese Global dos Trabalhos Apresentados na I Semana do Caju em Fortaleza-CE; Anotações Sobre as Pragas dos Cajueiros; A Cabra Anglo-Nubiana; Construção de Pequenos Açudes e Barreiros; Caracterização e Uso dos Principais Solos do Ceará; Aspectos Agrológicos do Ceará; Aspectos Conservacionistas, etc.

Joaquim de Castro Feitosa, pesquisador de larga experiência no Setor Ambiental fundou e presidiu por 17 anos a Sociedade Cearense de Defesa da Cultura e do Meio Ambiente – SOCEMA, é Membro Efetivo da Sociedade Cearense de Geografia e História e foi do Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA bem como a Fundação Brasileira do Caju.
No Município de Tauá, Estado do Ceará foi “interventor” no ano de 1947; criou a Fundação Bernardo Feitosa – FBF, mantenedora do museu dos Inhamuns cujo acervo Arqueológico e Paleontológico é dos mais expressivos do Brasil com peças raras e sem similar em nosso País o que coloca em pé de igualdade com outras instituições do gênero. A Fundação Bernardo Feitosa detém sob a sua orientação o Centro Cultural dos Inhamuns que é uma espécie de colméia irradiadora da cultura regional; a Biblioteca Pública com mais de 15.000 títulos sendo a mais importante da Região dos Inhamuns, o Setor de Informações Ambientais – Sala Verde – referencial ambiental único no Estado do Ceará e a Sala de Paleontologia que guarda os mais preciosos achados fossilizados de animais pré – histórico que habitaram a Região dos Inhamuns entre eles: Preguiça Gigante Terrestre, Tigre Dente de Sabre, Mastodonte – Mamute Americano, etc., além de diversas arcadas dentárias não identificadas de diversos animais, cujo acervo é estimado em aproximadamente 1.800 peças de valor histórico e científico incalculável.
Joaquim de Castro Feitosa participou ativamente em diversos Estados da Federação de Congressos, Simpósios, Palestras, Cursos, Mesas Redondas, Workshop, etc., dentro das suas atividades profissionais.
É detentor de diversas comendas e honrarias entre elas:
· Medalha Chico Mendes, Medalha da Confederação Nacional da Agricultura;
· Medalha do Mérito Cultural da Universidade Estadual do Ceará – UECE;
· Prêmio Empreendedor do Banco do Nordeste;
· Medalha de Honra ao Mérito da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Ceará;
· Homenagem Especial do Governo do Estado do Piauí;
· Destaque Rotário 2001;
· Homenagem Especial da Diretoria da Cidadania da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará, etc.
· Personalidade 2002 – CIART – Tauá-CE.
Joaquim de Castro Feitosa abraçou a causa e caiu em campo. Sua vida é um exemplo de dignidade humana, pautada no respeito ao cidadão, cujo espírito e humanitário o torna um homem honrado e respeitado no seio da sociedade, que o transformou num verdadeiro amante das Ciências em prol do solo pátrio, especialmente da sua Região, a Região dos Inhamuns!
Tauá-CE, 05 de junho de 2003.