A ATL tem por objetivo congregar escritores e intelectuais de todas as vertentes, propugnar por todos os meios ao seu alcance pela difusão, resgate, promoção e conservação evolutiva da cultura, incentivando sempre a criação literária.
No dia 5 de março de 2005 às 19 horas no Auditório da Escola Liceu de Tauá “Lili Feitosa”, foi fundada a Academia Tauaense de Letras, naquele momento imortalizado 14 Cadeiras com os seus Patronos e respectivos Membros Fundadores.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

HISTÓRICO EPAMINONDAS FEITOSA

Epaminondas Feitosa Ferro
Patrono - Cadeira nº. 26

Nasceu em 18 de Novembro de 1881 no sítio Saco Virgem, município de Parambu.
Filho de Emiliano Ferreira Ferro e de Epifânia Estefânia Bandeira Ferrer.
Casado com Maria Soares de Carvalho Ferro de cujo matrimônio teve 15 filhos: dez homens e cinco mulheres.
Exerceu as funções de delegado de Cachoeirinha, hoje Parambú, por vários anos.
Desbravou a região circunvizinha (Serra das Balas, Serra da Baixa Verde, Serra dos Caliás e Serra do Saco Virgem), onde instituiu o plantio da Mandioca como principal fonte de renda para a região.
Costumava escrever suas crônicas através de manuscritos e os enviava para o seu irmão, Monsenhor Francisco de Assis Feitosa, vigário Geral do Crato, que se encarregava de publicá-los na “A VERDADE”, um periódico de propriedade da Diocese do Crato.
Perdeu a sua companheira vitimada de uma apendicite aguda, quando contava apenas 46 anos.
Permaneceu solitário, viúvo inconsolável até 1939 quando faleceu, acometido de uma pneumonia.
Foi chefe político da região, aliado á ala dos CONSERVADORES.
Deixou uma família organizada e respeitosa, com vários descendentes que se projetam na vida social, cultural, política, e empresarial da Região e do Estado.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

SONETO CÂNDIDO MEIRELES

PACIÊNCIA (Cândido Meireles, Tauá. In: "Sonetos Cearenses", 1938)

Irmã dos pobres, terna e doce amiga
Dos tristes, dos vencidos, dos descrentes;
Dos que um destino avesso desabriga
E andam na vida assim como desmentes.

Que a tua afável luz sempre me siga,
E as minhas dores mudas adormentes,
E eu sempre te abençoe e te bendiga,
Irmãzinha dos velhos e dos doentes.

Toda a razão do amor tu concretizas:
Quando o conforto espalhas entre os seres,
E as agonias fundas amortizas.

Tu, que de consolar nunca te cansas,
Bendita sejas sempre, só por seres
Semeadora eterna de esperanças.
Anamélia Mota

terça-feira, 29 de maio de 2007

DISCURSO JOÃO ÁLCIMO


João ÁLcimo Viana Lima

Membro - Cadeira nº. 05


DISCURSO PROFERIDO EM SESSÃO SOLENE DA ACADEMIA TAUAENSE DE LETRAS, EM 17/03/2007

Senhor Presidente da Academia Tauaense de Letras, Prof. João Geneilson Gomes Araújo.
Autoridades que compõem à mesa.
Confrades acadêmicos e confreiras acadêmicas.
Senhoras e senhores.

Cumpre-me o dever e, especialmente, a honra de recepcionar dois dos novos integrantes da Academia Tauaense de Letras: Antonio Viana de Carvalho, empossado na cadeira de nº 16, que tem como patrono o médico e ex-prefeito Alberto Feitosa Lima e; Carlos Gomes de Oliveira, empossado na cadeira de nº 33, que tem como patrono o jornalista e escritor Nertan Macedo.

Estamos imortalizando, portanto, dois profissionais, cujas credenciais estão vinculadas à produção cultural em nosso Estado. Antonio Viana, jornalista e radialista há 42 anos; e Carlos Gomes, músico desde a sua infância, delegado de polícia aposentado e advogado há 28 anos. De fato, o jornal e a composição musical estão inseridos na dinâmica das letras, que no âmbito de sua grandeza e de seu universalismo, sobrevivem às mudanças históricas e ao mesmo tempo em que não ficam adstritas aos tratados geopolíticos, têm como foco o anúncio e a denúncia de seu tempo e de seu espaço.

Antonio Viana, tauaense da Vila de Vera Cruz/Inhamuns, trata-se de um profissional laureado e detentor de títulos de cidadania de vários municípios cearenses; e Carlos Gomes, tauaense à época de seu nascimento e, posteriormente, parambuense com a emancipação do antigo distrito de Parambu, é autor de “Carlos Gomes – Exalta sua Terra” e compositor de dezenas de músicas.

Ambos, em meio ao universalismo de suas produções, optaram pelo enfoque municipalista. É notório que as colunas, os programas radiofônicos e a página eletrônica de Antonio Viana se estabeleceram como tribunas das causas municipais e que sua voz e suas letras diárias contextualizam o local com contextos maiores. E, vale ressaltar, Tauá, sua terra natal, sempre foi destacada em um espaço privilegiado de seus veículos de comunicação.

Carlos Gomes, por seu turno, escreve e canta a natureza, o folclore, as tradições, a educação e os amigos originários de seus dois municípios predileitos: Tauá e Parambu. A propósito, o ícone do Sertão dos Inhamuns, o Serrote Quinamuiú, foi, por ele, eleito o cartão de visitas de sua produção.

Antonio Viana, jornalista dos jornais Gazeta de Notícias, O Povo, Tribuna do Ceará e, atualmente, de O Estado e Carlos Gomes, produtor de quatro CD’s com músicas de sua autoria, passam, com méritos, a ser imortais, assim como o é o tauaense, músico e jornalista, Lulu Lima, o patrono da cadeira de nº 5 desta Academia, a qual tenho a honra de ser seu integrante. E por falar em Lulu, recorro à letra de uma composição do tauaense João Castelo: “ Sua voz, suas rimas e a sua canção e as rosas que você cantava hoje choram no salão. Que saudades Luiz, que saudades de seu violão”.

Diletos Antonio Viana e Carlos Gomes, senhoras e senhores, ao concluir esta saudação, afirmo com a subjetiva convicção inerente ao poder e à cadência dos jornais e das músicas:

- Qui cantat scribt bis (Quem canta escreve duas vezes);
- Qui scribt bis cantat (Quem escreve canta duas vezes).

Muito obrigado!

sábado, 26 de maio de 2007

SONETO F. CLOTILDE

REMINISCÊNCIA (F. Clotilde. A Estrella maio de 1918)

Era sempre ao sol pôr... Milhares de boninas
E rosas em botão, cravina multicores,
Junquilhos delicados e outras muitas flores
Eu reunia feliz para as aras divididas.

E que aroma sutil; nas horas vespertinas.
A linda primavera – a quadra dos amores –
Espalhava a sorrir, enquanto as pequeninas
Nuvens d’ouro, no azul, refletiam fulgores.

Como eu relembro agora aqueles belos dias!
O sino a bimbalhar... As doces litanias,
O trono envolto em luz, o incenso, a Mãe bendita...

Hoje o que se seduz? O mesmo céu é triste
E dentro de minha alma apenas subiste
Da aventura fugaz a saudade infinita.
Anamélia Mota

sexta-feira, 25 de maio de 2007

DISCURSO DR. FRANCO FEITOSA


Francisco Franco Feitosa Teles

Membro Cadeira nº. 21

Senhoras
Senhores
Fraternos membros da Academia de Letras de Tauá.

Aceitei, como subida honra, o gentil convite para integrar o colendo colegiado desta nobre Arcádia.
Em primeiro lugar, por ter nascido nesta “Aldeia Solitária” de que nos falou o ilustre escritor e político carinhosamente conhecido como Lisboa Gomes. Na verdade, nasci à sombra do Kinamuiu – este “dromedário adormecido” de que nos falava o ilustre orador conterrâneo José da Costa Leitão.
Nasci na atual Avenida Coronel Lourenço Feitosa, nas proximidades do número 256, em casa assobradada pertencente ao meu padrinho Cândido Alexandrino. A casa já não mais existe como era, e meu padrinho – tendo subido ao assento etéreo merecido por sua bondade e benevolência – deve se sentir feliz por ver este seu afilhado escolhido para compartilhar da honra de pertencer a este colendo sodalício de São João do Príncipe.
Em segundo lugar por ocupar a cadeira que tem como patrono o patriarca da família Feitosa dos Inhamuns Coronel Francisco Alves Feitosa, filho do Lusitano minhoto João Alves da Feitosa e de Dona Ana Gonçalves Vieira, dos quais descendiam meu avô materno Francisco Alves Feitosa, do São Gonçalo, filho do Coronel Joaquim Alves Feitosa, do Cococá e sua mulher, minha avó materna Maria da Conceição Feitosa e Castro – Dona Santinha Feitosa, filha do Coronel Leandro Custódio de Oliveira e Castro – Coronel Leandro da Barra, dos quais herdei o nome Francisco, pronunciado oficialmente na pia batismal da Igreja matriz de Na. Sra. do Rosário pelo saudoso Padre Odorico de Andrade, aos 12 de maio de 1941, dia em que fui consagrado a S. José e tive como padrinho de consagração meu tio Francisco Feitosa Filho, do Cococi. Portanto, embora recém chegado, sinto-me em casa.
Como Tauaense, no limiar da imortalização por beneplácito deste silogeu, vislumbro com veneração várias figuras históricas dos Inhamuns os quais gostaria de registrar neste meu humilde discurso. Por exemplo:
- O ambientalista, engenheiro agrônomo, Joaquim de Castro Feitosa (Dr. Feitosinha), paleontólogo fundador do museu dos Inhamuns, e ex-prefeito desta cidade;
- A educadora e política Maria da Glória Feitosa e Castro (D. Dondon Feitosa);
- A grande heroína brasileira Antônia Alves Feitosa, a nossa querida Jovita Feitosa;
- Joaquim Pimenta, professor universitário e ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho;
- Antônio Gomes de Freitas (Lisboa Gomes), historiador e político, ex-prefeito de Fortaleza;
- Francisca Clotilde Barbosa Lima, educadora, nomeando importante rua de Fortaleza;
- Joaquim Alves Feitosa, Comandante Superior do Batalhão da Guarda Nacional da então Vila de São João do Príncipe;
- Manoel Sedrim de Castro Jucá, Tenente-coronel, ex-Deputado Provincial e Juiz de Direito;
- Padre Francisco Máximo Feitosa e Castro, primeiro e único Vigário de Cococi e Deputado em várias Legislaturas;
- Monsenhor Antônio Feitosa, escritor, poliglota, professor e profundo conhecedor do Direito Canônico;
- Dr. Francisco Primeiro de Araújo Citó, Magistrado e abolicionista de renome;
- Monsenhor Antero José de Lima, Vigário Geral da Diocese do Ceará e deputado estadual;
- Bernardo de Castro Feitosa, odontólogo e Juiz de Direito;
- Miguel Fernandes Vieira, filho do Visconde do Icó, Senador, Comendador e Secretário do Governo do Ceará;
- Lourenço Alves Feitosa e Castro, Coronel do Exército e Presidente da Assembléia Legislativa do Ceará, expoente máximo da política tauaense;
- Padre Neri Feitosa, escritor e instituidor do precioso Arquivo da Família Feitosa e do Instituto Memória de Canindé;
- Capitão-mor José Alves Feitosa, o mais poderoso chefe político dos Inhamuns em todos os tempos;
- Bernardino Gomes de Araújo, poeta e professor emérito;
- Leonardo Feitosa, primeiro e insuperável genealogista da família;
- Vicente Cavalcante Filho, ex-ministro da República e ex-prefeito de Fortaleza;
- Pedro Leopoldo de Araújo Feitosa, Monsenhor e primeiro escritor dos Inhamuns;
- Fausto Carlos Barreto, Deputado e Presidente da então Província do Rio Grande do Norte,
Enfim, uma galeria interminável de nomes que engrandecem a terra do “Dromedário Adormecido” – o sobranceiro Serrote do Kinamuiú.

Seleta e distinta platéia

Após esta apologia introdutória, permitam-me, data maxima venia, apresentar-lhes uma breve sinopse bibliográfica do Patrono de minha cadeira arcadiana, Coronel Francisco Alves Feitosa – o Patriarca da Família Feitosa.
O meu primeiro contato com ele foi pelos anos cinqüenta quando meu tio Sebastião Leitão Feitosa e Castro, lia em voz alta e clara, para a família reunida, a primeira parte da primeira edição do Tratado Genealógico da Família Feitosa, de Seu Nado como era carinhosamente conhecido o maior genealogista da família. A sala estava repleta e atenta, e ti’ Basto com seu vozeirão macio de barítono mezotenor nos lia.” Filhos do Português João Alves Feitosa, casado com uma filha do Coronel Manoel Martins Chaves: 1º O Comissário Lourenço Alves Feitosa...2º O coronel Francisco Alves Feitosa, casado em primeiras núpcias, com Isabel do Monte, irmã do Capitão mor Geraldo do Monte; em segundas núpcias com Catarina Cardosa da Rocha Resende Macrina, descendente da família Cavalcanti e Albuquerque, de Pernambuco, e, em terceiras núpcias com Isabela Maria de Melo.
Estas três mulheres eram viúvas e traziam filhos dos seus leitos anteriores.
Dos filhos do 1º casamento de Isabel do Monte descendente grande parte dos Pinheiros, Melos e dos Fernandes Vieira...
Dos filhos do 1º casamento de Catarina Cardosa da Rocha

DISCURSO MARIA IVANETE

Maria Ivanete de Sousa
Membro - Cadeira nº. 34

Discurso para solenidade de posse dos novos acadêmicos e entrega de títulos.

Muito nos honra ocuparmos a partir de hoje uma cadeira na Academia Tauaense de Letras, através da qual esta augusta casa homenageia como patrono Dr. Bernardo de Castro Feitosa.

Gostaria de expressar meu sentimento de gratidão a todos os pensadores, pesquisadores, escritores, cujas obras imorredouras, não apenas pela relevância técnica, mas sobretudo pelo impacto ético nas mais diversas áreas das ciências da natureza, das ciências sociais e da educação, das artes, da literatura... e muitas outras, contribuíram para a construção de um mundo mais humano.

Aqui abrimos um parênteses para rendermos nossa modesta homenagem ao ganhador do prêmio nobel da paz, outorgado pela academia de ciências da Suécia, ao eminentíssimo economista, pesquisador social Muhammad Yunnus, principalmente porque através das políticas de microcrédito, recoloca a mulher como agente principal de transformação do meio social.

E, bem mais próximo de nós tributarmos a mais profunda gratidão aos fundadores e fundadoras dessa academia, notadamente ao seu presidente pioneiro e desbravador de horizontes, João Geneilson e ainda a todas as pessoas e instituições e ao poder público municipal que elegeu a cultura como uma das principais estratégias de desenvolvimento de nosso município.

Cientes da magnitude dos obstáculos à implantação de um projeto de desenvolvimento sustentável, cuja base é a consciência cultural, nos inquietamos porque como sabemos, os valorizadores da cultura numa perspectiva humanística, andam, via de regra, na contramão da lógica capitalista.

Assim sendo, nos sentimos impulsionados(as) a fazermos uma militância cultural: de incentivo e divulgação da produção literária, das artes e das ciências em nossa região.

Entendemos ser essa condição “sine qua non” para que possamos estabelecer relações de diálogo com outras culturas sem nos submetermos a padrões impositivos eivados de preconceitos.

E assim estaremos construindo e defendendo a nossa identidade, porque conscientes das nossas potencialidades e limitações bio-geofísicas, ambientais e culturais. Mas para isso, em muitos casos, é preciso desconstruir, assumir atitude de estranhamento sobre muitos cânones que se impõem como verdades absolutas para que possamos ver o mundo com novos olhos.

Esse é o espírito que nos move na ATL e no CEDT.

Tenho dito.
Obrigado a todos e a todas.

Tauá-CE, 20 de outubro de 2006


Maria Ivanete de Sousa
Ocupante da cadeira de n.º 34.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

ESTATUTO

ESTATUTO DA ACADEMIA TAUAENSE DE LETRAS


CAPÍTULO I
DA DENOMINAÇÃO, SEDE E FINALIDADE


Art. 1º - A Academia Tauaense de Letras – ATL, com sede e foro jurídico nesta cidade de Tauá, Estado do Ceará é uma entidade cultural, sem fins lucrativos, de caráter predominantemente literário que tem por finalidade o exercício da Língua Portuguesa e da Literatura Brasileira em todas as suas formas, e reconhecer, preservar e incentivar criações literárias em todas as formas, gêneros e estilos. A Academia Tauaense de Letras – ATL reger-se-á por este Estatuto, sem sectarismo político, religioso, econômico ou discriminatório e funcionará de acordo com as normas estabelecidas em seu
Regimento interno.

Art. 2º - A Academia tem por objetivo congregar escritores e intelectuais de todas as vertentes, propugnar por todos os meios ao seu alcance pela difusão, resgate, promoção e conservação evolutiva da cultura, incentivando sempre a criação literária.

Parágrafo Único: Na persecução de seus fins, a Academia realizará:

a) pesquisa e avaliação dos trabalhos de cunho cultural;

b) concursos literários;

c) comemoração de datas cívicas relacionadas com a cultura;

d) sessões públicas, conferências, palestras, tertúlias, seminários e estudos sobre figura e valores humanos universais;

e) recepções e homenagens às pessoas e entidades culturais julgadas com merecimento pela Academia;

f) intercâmbio cultural e literário com entidades congêneres, tais como: Grêmios Estudantis, Centros Acadêmicos de Universidades, agremiações e Academias Literárias, em nível local, nacional e internacional;

g) divulgação dos resultados das pesquisas realizadas por seus membros, de seus trabalhos literários, através de publicações, criando, se assim entender, meios próprios de divulgação.

CAPÍTULO II
DO TEMPO DE DURAÇÃO DA SOCIEDADE E DA RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS

Art. 3° - O tempo de duração da entidade é indeterminado.

Parágrafo Único: Os membros não respondem solidária nem subsidiariamente pelas obrigações da Academia.


CAPÍTULO III
DA ADMINISTRAÇÃO E REPRESENTAÇÃO

Art. 4° - A Academia Tauaense de Letras será administrada por uma Diretoria composta de quatro membros: Presidente, vice-presidente, Secretário Executivo e Tesoureiro, eleita e empossada por um biênio, em Assembléia Geral Ordinária.

Parágrafo 1° - Haverá um Conselho Fiscal composto de 3 (três) membros efetivos, eleito na mesma Assembléia, também com mandato de 2 (dois) anos.

Parágrafo 2° - Os cargos da Diretoria e do Conselho Fiscal não serão remunerados, a nenhum título.

Art. 5° - A Academia será representada oficial, judicial, extrajudicial, ativa e passivamente, pelo seu presidente.

Art. 6° - São atribuições da Diretoria;

Parágrafo 1° - Do Presidente:

a) representar a Academia nos termos do art. 5°;

b) presidir as sessões, dirigindo a ordem dos trabalhos;

c) rubricar os livros, autenticar as atas depois de aprovadas em sessão, e assinar o expediente;

d) comparecer pessoalmente, ou através de representante, às solenidades nas quais a Academia deva tomar parte;

e) autorizar despesas e outras medidas necessárias ao funcionamento e regularidade dos trabalhos da Academia;

f) Assinar os convites para as sessões solenes;

g) Nomear comissões;

h) Delegar poderes aos seus representantes;

i) Criar os Departamentos necessários e nomear os Diretores respectivos, com aval da academia;

j) Assinar, junto com o tesoureiro, os documentos financeiros.


Parágrafo 2° - Do vice-presidente:

a) exercer, efetiva e juntamente com o Presidente, as funções de relações Públicas da Academia Tauaense de letras – ATL;

b) dirigir o protocolo, em sessões públicas;

c) substituir o Presidente em seus impedimentos.

Parágrafo 3° - Do secretário Executivo:

a) lavrar as atas;

b) auxiliar nos trabalhos de organização interna da Academia;

c) administrar a Secretária da Academia, mantendo sob sua guarda os livros e documentos pertinentes;

d) dar conta do expediente, fazer a leitura do mesmo em sessão e encaminhar ao competente destinatário;

e) assinar as atas com o Presidente e os demais membros da Diretoria presentes à sessão;

f) secretariar as sessões de Assembléia Geral, salvo quando esta decidir em contrário;

g) providenciar quanto ao expediente interno e externo;

h) organizar e manter o arquivo da Academia;

i) manter sob chaves em bens móveis especialmente destinados a este fim, as pastas de credenciamento de Acadêmicos (as) atualizando-as com os documentos e folhas de histórico da vida acadêmica;

j) organizar a biblioteca da Academia e tê-la ao seu encargo.

Parágrafo 4° - Do Tesoureiro:

a) ter sob sua guarda o patrimônio da academia;

b) arrecadar a receita e depositá-la em estabelecimento bancário designado pela Diretoria;

c) administrar a Tesouraria;

d) elaborar os balancetes mensais e um balanço anual de receita e despesa;

e) preparar e encaminhar a documentação necessária ao recebimento de doações auxílios e subvenções;

f) assinar, com o Presidente, cheques para movimentar contas bancarias;

g) manter sob sua guarda o arquivo da tesouraria;

h) preparar os documentos financeiros a serem assinados por ele e pelo Presidente.

Art. 7° - São atribuições do Conselho Fiscal:

a) examinar as contas da Diretoria;

b) elaborar parecer sobre as contas para a apresentação à Assembléia Geral.

CAPÍTULO IV
DO QUADRO SOCIAL

Art. 8° - A Academia Tauaense de Letras compõe-se de 40 (quarenta) Membros efetivos e perpétuos, dos quais 25, no mínimo, residentes no município de Tauá, e de 15 membros correspondentes não residentes na cidade.

Parágrafo Único: Constituir-se desde já como membros fundadores os que assinarem a ata de constituição da academia.

CAPÍTULO V
DA INVESTIDURA ACADÊMICA

Art. 9° - São requisitos imprescindíveis para alguém ingressar no Quadro de Membros Titulares da Academia Tauaense de Letras: ter capacidade literária demonstrada em livros ou em publicações nos meios de comunicação da escrita moderna ou através de produção literária de reconhecido mérito, que apresentar a julgamento.

Art. 10 - A livre concorrência e o sufrágio regularão o preenchimento das cadeiras vagas no quadro de Membros Titulares, expressada pela aceitação de 2/3 dos votos dos presentes.

Parágrafo Único – O escrutínio será a descoberto, podendo ser justificado o voto no ato. Caso não se realiza a maioria total, poderá ser procedido novo escrutínio dentro de 30 (trinta) dias.

CAPÍTULO VI
DAS CADEIRAS

Art. 11 - Cada uma das cadeiras de membros Titulares da Academia será devidamente numerada; e receberá o nome de um patrono já falecido e que tenha se destacado na literatura.

CAPÍTULO VII
DA VACÂNCIA E SEU PREENCHIMENTO

Art. 12 - A cadeira acadêmica é reputada vaga nas seguintes condições:

a) por falecimento do seu ocupante;

b) a requerimento do próprio membro;

c) se, sem o prévio requerimento de afastamento pelo ocupante, incorrer ele (a) em ações que molestem a integridade da Academia;

Art. 13 - Declarada vaga uma cadeira da Academia, será aberta a inscrição para o seu preenchimento.

Parágrafo 1º - A inscrição far-se-á mediante o preenchimento de formulário pelo interessado, dirigido ao Presidente da Academia, acompanhado de currículo, resumo das atividades intelectuais, exemplares de trabalhos publicados e produções inéditas (art. 9°), assinado o formulário pelo interessado e pelo acadêmico que o indicar.

Parágrafo 2° - Recebida a proposta, o Presidente, no prazo de 60 (sessenta) dias, submetê-la-á a uma comissão previamente designada para emitir parecer. Sendo o parecer favorável, o candidato vai a escrutínio, na forma do Art. 10, parágrafo único.

Parágrafo 3° - O acadêmico admitido receberá comunicação formal e instrução, e terá o prazo máximo de 5 (cinco) meses para tomar posse (art. 21 letra “a”), salvo impedimento expressamente justificado.

Art. 14° - A posse do (a) acadêmico (a) admitido (a) como membro Titular dar-se-á em sessão pública e solene, devendo pronunciar-se, no ato, com um discurso que se ocupe da vida e obra de seu antecessor, bem como referências ao Patrono da cadeira e aos demais antecessores.

Art. 15º - O novo acadêmico será saudado, em nome da Academia, por um Membro Titular escolhido pela Diretoria.

Art. 16º - Proferido o compromisso formal, o novo acadêmico a seguir receberá do Presidente da sessão o diploma de Membro Titular da Academia e será revestido com as insígnias representativas da titularidade.

Art. 17° - O compromisso formal é do seguinte Teor:

PROMETO, PELA MINHA HONRA E PARA O BEM DA HUMANIDADE, CULTIVAR AS BELAS LETRAS E PRODUZIR TRABALHOS LITERÁRIOS; SER ASSÍDUO ÀS REUNIÕES DA ACADEMIA E TUDO FAZER PARA O SEU FORTALECIMENTO.

CAPÍTULO VII
DOS DIREITOS E DEVERES

Art. 18 - São direitos dos (as) acadêmicos (as) do quadro de Membro Titular:

a) tomar parte nas decisões da Diretoria, quando em sessão conjunta, ordinária ou não;

b) votar e ser votado, em caso de ser candidato a Diretoria ou Conselho;

c) representar a Academia em solenidade de caráter cultural, por delegação

do Presidente;

d) freqüentar a sede social ou local de reuniões e participar das promoções

culturais;

e) utilizar a biblioteca ou qualquer outro serviço de caráter público, ou

cultural, oferecido pela Academia.

Art. 19 - São deveres dos (as) acadêmicos (as) do quadro de Membros Titulares:

a) cumprir fielmente o Estatuto e o regimento interno, bem como as decisões

da Diretoria e Assembléia Geral;

b) concorrer para o fortalecimento moral, material e cultural da academia;

c) comparecer às sessões;

d) ter sempre em mente o compromisso de posse, em todos os seus atos;

e) contribuir com a anuidade social (art. 24°, letra “a”).

CAPÍTULO IX
DO FUNCIONAMENTO DA ACADEMIA E DAS SESSÕES

Art. 20 - Academia funcionará normalmente no período de 15 de janeiro a 15 de dezembro de cada ano e realizará sessões mensais.

Parágrafo 1° - Haverá reunião da Diretoria, mensalmente, e reuniões extraordinárias quando necessárias.

Parágrafo 2° - Na última sessão ordinária anual, o Presidente apresentará o relatório de atividades desenvolvidas durante o ano e a tesouraria apresentará o relatório de exercício findo.

Art. 21 - As sessões da Academia Tauaense de Letras serão públicas e solenes nos seguintes casos:

a) posse dos acadêmicos;

b) recepção a personalidades eminentes;

c) comemorações cívicas culturais ou em memória de membros ou de vultos ilustres das letras, artes e ciências;

d) realização de cursos, concursos, semanas literária, palestras e conferências.

Parágrafo Único – As sessões solenes seguirão um ritual previamente estabelecido pala Diretoria.

Art. 22 - As sessões ordinárias somente serão realizadas com um quorum mínimo de 03 (três) membros da Diretoria.


CAPÍTULO X
DA RECEITA E DA DESPESA

Art. 23 - A receita da Academia constitui-se de:

a) anuidade dos Membros Titulares, que pode ser paga de uma só vez ou semestralmente;

b) taxa de diplomação

c) donativos e auxílios particulares;

d) subvenções oficiais;

e) legados de qualquer fonte.

Art. 24 - Constituem despesas:

a) gastos com conservação e limpeza da sede ou do local da reunião;

b) gastos com material de expediente;

c) obrigações ficais, taxas de água, luz e outros;

d) despesas com eventos que a Diretoria julgar necessárias, tais como prêmios para concurso e obséquios em nome da Academia;

e) despesa com transporte para representação fora da sede, se houver numerário;

f) despesas cartoriais necessárias;

g) despesas com construção de sede própria;

h) outras despesas que venham em proveito dos objetivos da Academia.

CAPÍTULO XI
DA REFORMA DO ESTATUTO


Art. 25 - O estatuto só poderá ser reformado ou emendado por maioria absoluta dos Membros Titulares, em sessão conjunta com a Diretoria e o Conselho fiscal, em sessão de Assembléia Geral Extraordinária especialmente convocada para esse fim, pelo Presidente ou por 2/3 (dois terços) dos Membros Titulares, no prazo mínimo de 30 (trinta) dias.

CAPÍTULO XII
DA EXTINÇÃO DA ACADEMIA

Art. 26 - A Academia só poderá ser extinta por decisão tomada em sessão extraordinária de Assembléia Geral, especialmente convocada para esse fim e pelo voto afirmativo de 2/3 (dois terços) dos Membros Titulares.

Parágrafo Único – A assembléia referida no “caput” deste artigo deverá ser convocada pela imprensa, com prazo mínimo de 30 (trinta) dias, além da notificação pessoal a todos os Acadêmicos (as) do quadro de Membros Titulares.

Art. 27 - No caso de extinção da Academia, o seu patrimônio passará ao patrimônio de uma entidade pública sem fins lucrativos do município de Tauá.

CAPÍTULO XIII
DO VÍNCULO COM OUTRAS INSTITUIÇÕES

Art. 28 - A Academia poderá criar vínculos com Universidades, Faculdades, Centros Acadêmicos de Universidades, Grêmios Estudantis e outras associações ou fundações que possam contribuir para a promoção da cultura, sem limite no espaço.

CAPÍTULO XIV
DO PATRIMÔNIO

Art. 29 - O patrimônio da Academia é representado por todos os bens móveis ou imóveis de que tenha propriedade ou venha a possuir sob quaisquer títulos.

CAPÍTULO XV
DAS ASSEMBLÉIAS

Art. 30 - Assembléias Gerais são reuniões ou sessões conjuntas dos Membros Titulares, do Conselho Fiscal e da Diretoria, convocados por ofício do Presidente da Academia ou na forma do art. 20 deste estatuto.

Parágrafo 1° - A Assembléia Geral Ordinária realizar-se-á anualmente, no fim do período de funcionamento anual para:

a) tomar conhecimento do relatório anual da Diretoria;

b) deliberar sobre propostas da Diretoria para o exercício seguinte; e sobre o encaminhamento festivo das atividades acadêmicas.

Parágrafo 2° - Realizar-se-á, também, Assembléia Geral Ordinária, bienalmente, para eleger a Diretoria e o Conselho Fiscal da Academia Tauaense de Letras.

Parágrafo 3° - Assembléias Gerais Extraordinárias serão convocadas, na forma estatutária, para os fins dos Capítulos V, XI e XII, obedecendo os prazos em cada caso, ou por ato assinado por metade mais um dos Membros titulares, pelo Conselho Fiscal ou pela Diretoria, sendo presididas pelo Presidente da Academia, ou por um Presidente eleito pela Assembléia, e secretariadas pelo Secretário (a) ou por um membro acadêmico escolhido na sessão. Tem plenos poderes para deliberar sobre todas as matérias do interesse da Academia, inclusive prestação de contas, sempre por maioria absoluta de votos, salvo as restrições dos artigos 26 e 27.

CAPÍTULO XVI
DAS CONTTRIBUIÇÕES

Art. 31 - As contribuições atribuídas à Academia serão propostas pela Diretoria, em Assembléia anual.

CAPÍTULO XVII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 32 - A primeira Diretoria será composta pelo presidente que ocupará a Cadeira número um, e o vice, a cadeira de número 2 bienalmente. O Conselho Fiscal será escolhido pela Assembléia dentre seus membros em votação. O Presidente nomeará o Secretário Executivo e o Tesoureiro da academia.

Art. 33 - A posse da primeira Diretoria e primeiro Conselho Fiscal será em ato contínuo à eleição.

Art. 34 - Logo após a posse referida no artigo anterior, proceder-se-á a investidura acadêmica dos fundadores, marcando-o data para a sessão de posse e prestação de compromisso formal, quando então ocuparão as primeiras cadeiras da Academia.

Art. 35 - A Primeira Diretoria da Academia deverá diligenciar na aquisição de sua personalidade jurídica, pelo registro no Cartório de Registro Civil de Pessoa Jurídica, bem como deverá tomar as providências para reconhecer a Academia de utilidade Pública.

Art. 36 - Os casos omissos neste Estatuto serão resolvidos em reunião conjunta da Diretoria e do quadro Acadêmico.

Art. 37 - Os preceitos contidos neste estatuto, que regerão a Academia Tauaense de Letras em suas atividades essenciais, serão referendados pela totalidade dos que assinarem a Ata de Fundação, presentes à Assembléia, e todos firmam pacto de honra, afim de que a nova instituição se perpetue no tempo, vencendo o imobilismo e difundindo a cultura a todos os povos.

Art. 38 - O presente Estatuto entra em vigor na data de sua aprovação em Assembléia Geral Ordinária.
O referido foi aprovado em Assembléia Geral em Tauá, Assembléia Geral da Academia Tauaense de Letras, aos 05 de março de 2005.












DISCURSO EDMILSON BARBOSA


DISCURSO DE RECEPÇÃO AO ACADEMICO DIMAS MACEDO NA ACADEMIA TAUAENSE DE LETRAS
Edmilson Barbosa Francelino Filho
Membro - Cadeira nº. 02

Ilmo. Sr. Presidente da Academia Tauaense de Letras
Acadêmico Prof. João Geneilson

Exmo. Sra. Prefeita do Município de Tauá
DD.ª Sr.ª Patrícia Pequeno Costa Gomes de Aguiar

Ilma. Sra. Curadora da Fundação Bernardo Feitosa
Acadêmica Dona Dolores Feitosa

Demais colegas acadêmicos e acadêmicas, a quem saúdo na pessoa da Sra. Anamélia Custódio Mota

Minhas Senhoras e meus senhores,


Primeiramente, quero dar parabéns à diretoria recém escolhida e desejar muito sucesso na gestão que ora se inicia. Que a Academia possa progredir ainda mais neste segundo biênio que se inaugura.
Meus parabéns também aos novos acadêmicos que tomaram posse dentro de instantes meus caros: Carlos Gomes (esse grande nome da música dos Inhamuns, que se destacou também na seara da segurança pública e cujos os CD’s eu sempre escuto), João Vasconcelos de Sousa, amigo Antônio Viana (comunicador, jornalista por vocação e cronista político por excelência), tabelião José Lúcio do Nascimento (agente ativo da sociedade civil organizada do nosso Rincão, e que recentemente tem se destacado enquanto memorialista, recuperando boa parte de nossa memória através do Cartório de I.o Ofício de Tauá).
Meu particular amigo, Professor e mestre Dimas Macedo, a que tenho a honra de dirigir essa saudação.
A Academia foi muito pródiga ao conceder o título de membro titular a Dimas Macedo. Este lavrense de nascimento, e cidadão do mundo por excelência, é nome de projeção nacional. Procurador do Estado e Professor de Direito Constitucional da Faculdade de Direito da UFC, Dimas já possui mais de uma dezena de livros debatendo Política e Constituição, sendo hoje um grande nome da Teoria Material da Constituição em nossa literatura jurídica.
Poeta – e é assim que ele gosta de ser chamado – Dimas é prodígio desde sempre. Foi o mais jovem escritor a ingressar na Academia Cearense de Letras. Possui dezenas de livros publicados na literatura pura, notabilizando-se também como editor e critico literário de grande produção intelectual. Mas é de poesia que se deve lembrar quando se pensa em Dimas Macedo, pois ser poeta é para Dimas uma razão de viver. De sua antologia lançado ano passado, que celebrando seus cinqüenta anos de vida e trinta de literatura, peço licença para recitar:
Casulo

Te amo sobretudo os lábios
e a resina viscosa dos teus seios,
pois a vulva dos teus olhos enlaça
a sedução invisível dos meus pelos,
onde começo a viver e me embaraço,
porque me mato de amor quando te vejo.


Poema

O amor de Deus
é uma rocha viva
sagrando em minha carne.

É qual um fogo
que queima
em profusão
de água cristalina

O amor de Deus é a menina
dos meus olhos lassos.

O amor de Deus
é o compasso
maduro da beleza.

E onde houver certeza,
o amor de Deus
será a concha
que seguramos nos braços.

O amor de Deus
nas escrituras
Nas partituras
Do rosto do mendigo.

O amor de Deus no meu umbigo
e espalhado nas vozes do espaço.

O amor de Deus
na esperança
com que tecemos
as nossa incertezas.

E amor de Deus, também,
Na realeza dos gestos.

O amor de Deus
nos meus protestos
em busca de justiça.

E amor de Deus nas alianças
que seguramos nos dedos.

O amor de Deus
em meus enredos
e na escola das facas
onde ressangro a morte

O amor de Deus
Qual um suporte
De energia vital
em minha veias.

As pegadas de Deus
sob as areias
me carregando nos braços.

Porque o amor
de Deus,
feito em pedaços,
se espalha sobre a mesa
e nos recessos da alma.

O amor de Deus
na euforia
com que encaro a vida.

O amor de Deus
na despedida
e retorno de tudo.

O amor de Deus,
Mais que escudo,
é expressão
de todos os sentidos.

O amor de Deus
nos meus ouvidos
me deu este poema.

Mais que um lema
o amor de Deus
é tudo que persigo.

Porque o amor
de Deus
(posto comigo)
É uma rocha viva
sangrando em minha carne.

Ao contrário do que possa parecer ao menos informado, Dimas possui uma ligação estreita com nossa terra. Foi professor e mestre de muitos operadores do direito que se encontram nesta solenidade. Foi professor e mestre da Prefeita Municipal. Dra. Patrícia Aguiar. Foi professor do Juiz e Acadêmico, Michel Pinheiro, foi meu professor e é meu mestre de todas as horas. Eu o trouxe a primeira vez a Tauá, para apresentar minha obra sobre Joaquim Pimenta, tendo sido saudado por ele, agora lhe devolvo a saudação, merecida homenagem de um humilde discípulo.
Como se isso não bastasse para justificar sua indicação, Dimas foi testemunha, e entusiasta de primeira hora, da idéia do Prof. João Geneilson em fundar esta Academia. E se isso ainda não justificar, há o argumento de que é hospede há algum tempo da Profª. Anamélia Mota, que sempre o recebe com nosso queijo de coalho e outras iguarias do nosso sertão.
Há mais ainda. Dimas foi adotado recentemente filho de Marrecas, fazendo parte da nobre Família Cidrão, sendo Lúcia Cidrão, sua grande musa e companheira: a mulher de sua vida – diz o poeta. Desta forma, a Academia deve também pagar tributo, mais adiante à Lúcia, por ter rendido este poeta em solo tauaense.

Não poderia, portanto, ser mais feliz sua indicação para nossa Academia.

Muito obrigado.




terça-feira, 22 de maio de 2007

DISCURSO ANAMÉLIA CUSTÓDIO


Anamélia Custódio Mota

Membro - Cadeira nº. 11

SAUDAÇÃO AOS NOVOS COLEGAS DA
ACADEMIA TAUAENSE DE LETRAS

Ilmo. Sr. Presidente da Academia Tauaense de Letras,
Professor João Geneilson Gomes Araújo,
Autoridades que integram a mesa e outras aqui presentes no recinto.

Caros e caras colegas,

Senhoras e Senhores,


A mim me coube a grata satisfação de ser a porta-voz de boas-vindas aos nossos novos colegas acadêmicos, nesta noite de muito brilho para a cultura dos Inhamuns. Nesse momento de confraternização e espírito associativo destaco aqui o esforço da atual diretoria da Academia, no sentido de concentrar essa lúcida cerimônia, que não poderia ser de outra forma, senão repleta de brilho, para somente assim, fazer jus à grandeza dos nossos homenageados de hoje, pelo que faço de imediato o agradecimento pela elevada honra de representar aqui os meus pares.
Sinto-me, assim, nesse primeiro momento, impelida a registrar – àqueles que não conhecem bem os objetivos e a história dessa associação – que a ATL nasceu d sonho de pessoas com as almas impregnadas pelo amor às letras e à nossa cidade, quiça, por quê não dizer, pela cultura da nossa região. Diante, portanto, dessa realidade decidi, quebrando um pouco a tradição dos longos discursos acadêmicos, ser breve, mas procurar, dentro dessa ligeireza, abordar esses dois temas.
E começo pelo último, pois a nós cabe-nos reafirmar aquilo que já sabemos, para então nunca esquecer quem somos e de onde somos. Segundo Billy Jaynes Chandler, grande brasilianista, que estudou em percuciênca a nossa história e a nossa sociedade, inclusive dissertando sobre a história da Família Feitosa, em sua obra “Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns”, e aqui, ao que se percebe há vários Feitosas dentre os homenageados, pois bem disse então o escritor que: “Os Inhamuns, à semelhança da maior parte do Nordeste brasileiro, é uma terra quente, varrida pelo vento, semi-árida e sacrificada por um clima de chuvas escassas, que caem apenas nos meses de inverno que vão de janeiro a junho; em conseqüência disso, os rios secam e as pastagens verdes e outras plantas morrem, exceto as espécies afeitas àquelas mutações periódicas”.
Pois bem, é justamente nessa ambiência de alta complexidade que estabelecemos a nossa vida ou herdamos os nossos traços culturais mais marcantes. Que disso ninguém se esqueça. Como ninguém há de esquecer que a vida do acadêmico é não ignorar as verdades da vida, mas transformá-las em realizações. E essas realizações dizem respeito às transformações operadas nos homens e mulheres pelas letras e pela cultura.
Nem só de pão vive o homem e a mulher, mas também de cultura, amor e sabedoria. Dessa cultura, desse amor e da sabedoria é que se valem em vida nossos novos colegas que acolhemos na ATL a partir de hoje.
Os que aqui se imortalizam são portadores dessas duas coisas, dessas duas paixões. Cada qual insiste em cultuar a arte escrita e a ciência, e delas fazer companheira inseparável em suas vidas. Daqui vislumbro professores, educadores, literatos, poetas, poetisas, cidadãos e cidadãs que defendem a história e o sentimento de ser tauaense. E eu digo o sentimento de ser tauaense, pois vejo daqui tauaenses de nascença e vejo tauaenses por adoção, como por exemplo, o Padre Nery Feitosa, a quem muito desejava conhecer, o qual, assim como os demais, será daqui pouco mais um colega de Academia.
Sustento ainda, antes de terminar essa oração, que não é o fato de estarem hoje esses colegas recebendo nossa justa homenagem que os faz imortais, senão que eles e elas já o eram a muito, pois como diziam um célebre filósofo grego: “o melhor das homenagens não consiste em recebê-las, mas sim em merecê-las”, e pelo que concluo do que vejo esta noite, todos e todas as merecem, portanto serem membros da Academia Tauaense de Letras.
Sejam Bem Vindos.
Muito Obrigada.
Boa Noite.

(Anamélia Mota – 2ª Solenidade de Posse - Tauá-CE, 16 de setembro de 2005)

segunda-feira, 21 de maio de 2007

DISCURSO MARIA DO SOCORRO


Maria do Socorro do Nascimento

Membro - Cadeira nº. 10
Companheiros e Companheiras da Academia.


Quero iniciar meu discurso falando de sonhos.

Alguns são belos, outros poéticos, uns realizáveis, outros difíceis de serem concretizados, uns envolvem uma pessoa, outros, a sociedade, uns possuem rotas claras, outros curvas imprevisíveis. Alguns sonhos são rapidamente produzidos, outros precisam de anos de maturação.

Quem quer realizar sonhos, não deve esperar caminhos sem bloqueios, vitórias sem acidentes.

Os erros, os fracassos, as incompreensões devem gerar lições únicas para nós que lutamos pelos nossos sonhos.

Um dia, alguém sonhou, criar em nossa Tauá, em nossa região, uma academia de letras, foi João. Que beleza! Partilhou seu sonho com outras pessoas. Conversa com um aqui, conversa com outro ali, conversa com outro acolá, assim foi juntando as idéias; dificuldades aqui, desestímulo ali, mas, há quem diga que: a mais excelente genialidade é a construída nos escombros das dificuldades e nos desertos secos do desafio. E assim, foi criada a Academia de Letras da Região dos Inhamuns; por que os sonhos não determinam o lugar onde vamos chegar, mas produzem em nós, a força necessária para nos arrancar do lugar que estamos.

Ao longo da história, muitos seres humanos conheceram a sinfonia da incompreensão e a melodia das rejeições. Ninguém os entendia, ninguém os apoiava, ninguém acreditava neles. Aprisionados na terra da solidão, só podiam contar com a força dos seus sonhos e de sua fé. Suportaram avalanches por fora e terremotos por dentro. Sócrates, Platão, Aristóteles, Agostinho, Spinosa, Kant, Descartes, Hegel, Einstein e tantos outros foram dominados por seus sonhos. Brilharam como pensadores. Seus pensamentos tornaram-se chuva tranqüila que irrigou os excelentes campos das idéias.

Que nossa Academia Tauaense de Letras nos impulsione a novos sonho e a novas realizações, onde possamos proclamar nas escolas, nas igrejas, nos clubes, nas empresas que vale a pena viver a vida.

Que cada um de nós possa juntar sempre boas idéias, bons sonhos, avançando assim no território da emoção, da atenção, da valorização, da confraternização, do carinho, enfim, na raiz da vida que é o amor.

Tenho dito!!!


BIOGRAFIA ANA VALE



Ana Moreira Vale
Membro - Cadeira nº. 12

Nasci no município de Quiterianópolis no lugarejo Bom-Jesus, meus pais Raimundo Moreira da Silva e Antônia Pereira Vale, sou a 2ª filha numa família de oito filhos, vivi toda minha infância no interior.
Tauá tornou-se para mim o berço da minha polidez em todas as dimensões do ser humano. Aqui construí a minha identidade. E no transcorrer dessa maturidade contraí união com Adauto Cavalcante Filho e desta nasceram três filhos: Dauana, Dante e Diana, razão maior do meu viver.
Quanto a minha formação educacional e profissional, posso considerá-la eclética.
Aprendi o ABC com os meus pais. Fui a escola pela primeira vez aos nove anos, meu avô pagou a professora para ensinar os netos a ler, escrever e contar. Fui aluna de Anita, a melhor professora da região. Nunca apanhei na escola, mas a palmatória em cima da mesa me assustava. Dominei com rapidez todas as cartilhas que vinham ao meu alcance.
A escola pública ainda não chegara no interior, estudo seriado só na cidade e como o acesso ao estudo era privilégio de poucos fiquei repetindo cartilhas e livros de primeira a quarta série, arranjados por parentes que moravam na cidade. Desenvolvi a habilidade da leitura de cordel, criava e escrevia com facilidade versos com temas do cotidiano.
Em 1970 vim passear em Tauá e me submeti aos Exames de Admissão para então cursar a 5ª série. Bem sucedida, fiz matrícula no Colégio Antonio Araripe onde prestara os exames. Concretizara-se a seca, meu pai leva-me de volta e por dois anos é como o sonho tivesse se desmoronado. Em 1972, por influência do meu tio que sabia do meu desejo de estudar, fui contemplada com uma “bolsa” de estudo destinado a filhos de trabalhadores rurais. Iniciava-se a era do milagre econômico e do sentimento nacionalista; os movimentos populares renasciam sob a ressaca da repressão com o aval e a vigilância dos políticos. Vivi de 72 a 75 morando com parentes. Tinha contado com minha família somente duas vezes ao ano em período de férias, momento em que por ordem de meu avô tornava-se professora dos primos e amigos ou por outra permanecia na roça colhendo ou plantando conforme fosse a época.
No Colégio Antônio Araripe cursei de 5ª a 8ª série e dois cursos em nível de 2º grau. Magistério de 1º grau e assistente de Administração. Além dos estudos obrigatórios dedicava-me à leitura; a biblioteca foi sempre o meu lugar preferido. Na escola tinha muitos espaços culturais: Gincanas, SELITA’s (Semana do Livro em Tauá), festas comemorativas, eu me engajava em todos esses espaços e era nas dramatizações que realizava meu potencial artístico. Eu sempre tive lugar reservado nos momentos de discursos e falações. A participação em vários cargos do grêmio e como líder de turma me oportunizou o aprendizado da vivência em grupo. Ainda cursando a 8ª série, a direção da escola me convidou para assumir a vaga de uma professora na disciplina de religião, trabalhando com minha própria turma, aprendi a importância da partilha e da solidariedade.
Considerando os anos de professora “avulsa” apenas como estágio, minha vida profissional iniciou-se em 1976 quando fui contratada pelo Colégio Antonio Araripe como bibliotecária, função que me deu a oportunidade de ser auxiliar da professora de literatura. Lia todos os livros determinados por ela a nível de 5ª a 8ª série do 1º grau, corrigia todas as fichas de estudo e resumos dirigidos aos alunos a cada mês. Tarefa que não me custou nenhum sacrifício. Como bibliotecária, ainda me sobrava tempo para ler livros de : formação moral e cívica, psicologia e sociologia, tais leituras davam-me embasamento cultural que mais tarde serviriam como suporte de implementação para as discussões e debates tanto como aluna quanto profissional.
Fui contratada pelo Governo do Estado do Ceará como professora em 1979 socializando conhecimento no 2º grau, tanto era a carência de profissionais habilitados para o exercício do magistério nesta modalidade de ensino que, neste período, o Colégio Antonio Araripe mantinha convênio com o estado e por influência da diretora junto aos políticos da região passei a fazer parte do quadro de professores estaduais neste mesmo ano. Trabalhei na escola conveniada até 1987 quando por determinação do governo todos os profissionais com contrato estaduais lotados em escolas particulares teriam que suprir as carências das escolas públicas, era o fim dos convênios chamados popularmente de “contra partida”, isto é, o governo garantia um determinado número de horas aulas e a escola mantinha um determinado número de alunos estudando “gratuitamente”. Paralelo às atividades comuns tive oportunidade de participar de algumas capacitações e Congressos de Professores, nos quais aprendi a ver o mundo com olhos de quem pouco sabe e tudo que saber.
Em 1996 iniciei um trabalho na EEF Luzia Araújo Freitas intitulado: Mudando Nossa Prática Pedagógica, trabalho este que não teve continuidade, pois a convite da diretora do CREDE em 1997, passei a fazer parte da equipe técnica do SAP (Sistema de Acompanhamento Pedagógico). Ainda na referida escola fui presidente do Conselho Escolar função que desenvolvi de forma coletiva e gerenciando o fim da gestão já no próprio CREDE.
Em 1998/1999 junto a outros profissionais participei como co-autora do livro: Descobrindo e Construindo Tauá – Conhecimento de Geografia e História.
Aprovada em Concurso Público em 1998 compus a direção da Escola Liceu de Tauá Lili Feitosa ocupando o cargo de Coordenadora Escolar da Área de Gestão no período de 1999 a 2001.
De 2000 a 2004 cursei o Programa MAGISTER pela Universidade Estadual do Ceará – UECE, onde obtive a graduação em História / Filosofia.
Em 2005 fui convidada a participar como membro da Academia Tauaense de Letras, o que me oportuniza a dar continuidade o meu desejo de colaborar com a cultura e as letras neste município.


Ana Moreira Vale
Membro da Academia Tauaense de Letras









sexta-feira, 18 de maio de 2007

MEMORIAL MANOEL ALMEIDA


Manoel Almeida Neto

Membro - Cadeira nº. 04


Manoel Almeida Neto, nasceu a 29 de julho de 1936, na zona rural de Santa Tereza deste município. Filho de pai agricultor e mãe alfaiata. Trabalhou na agricultura até a idade de 20 anos. Seu estudo neste período foi em escolas particulares, em regime de professor itinerante que dava aula por mês, em casas de família.
Com 21 anos dedicou-se à profissão de alfaiate. Com poucos anos passou a balconista de Loja de Tecidos. Em seguida estabeleceu-se por conta própria, com produtos farmacêuticos.
Em 1965, ainda morando em Santa Tereza casou-se com Dona Lenita. Tem duas filhas: Marbênia e Martasus. Em 1967 fixou residência em Tauá. No ano de 1968 estabeleceu-se no ramo comercial de móveis e eletrodomésticos, período que durou 35 anos, encerrando-se no ano de 2003.
Quando de sua chegada a Tauá, continuou com os estudos, concluindo o curso de 2.º Grau em Contabilidade, no Colégio Técnico Comercial Dondon Feitosa, em 1974. Logo tratou de exercer a profissão de contador, conciliando o seu tempo com o trabalho do comércio, que perdurou por cinco anos. Na década de 70 começou a associar-se em instituições sociais. Com a continuação, tornou-se simpatizante das associações filantrópicas, sociais, culturais e afins. Atualmente é sócio ativo de 10 entidades, dentre elas ocupa os seguintes cargos: 03 (três) presidências, 03 (três) tesourarias, 01 (uma) vice-presidência e outros cargos de menos relevância.
Sempre dedicou-se a fazer cursos profissionalizantes, de pesquisas e outros, assim como seminários e treinamentos.
Ultimamente está dedicado ao estudo científico, cultural, religioso e ambiental da água.



Manoel Almeida Neto

quarta-feira, 16 de maio de 2007

DISCURSO ALBERTO FEITOSA


Academia Tauaense de Letras
Membro: Bel. Alberto Lima Sobrinho
Patrono: Leonarda Feitosa
Cadeira n.º 3

Com altivez, encarei o projeto de criar uma academia de letras em Tauá – CE, minha terra natal. O convite me veio espontâneo, partiu de nosso então presidente durante um intervalo do curso de espanhol. A ansiedade do ingresso me dominou, mas os requisitos exigidos me constrangeram.
Foi-me solicitado um currículo e um memorial. Tudo bem. E pelo menos uma obra publicada. Então, se o mundo de Maysa já tinha caído, o meu foi junto.
“Não, não tenho nada publicado... Lamento escrevo crônicas, mas somente amigos tem acesso. Queria muito tomar parte na academia, mas assim...”
Pobre de mim! Tão inocente!
Esse contratempo, embora secretariando com dedicação a pretensa academia, perdurou até a véspera de sua instituição. Foi acalentado por críticas próximas. Bem íntimas.
“Tauá não tem nível para uma academia de letras”, “Os membros são esses?”, me interpelavam e eu padecia.
Até compreender que a academia tinha nível. E esse, com certeza, era mais elevado do que o de quem me chateava. Os membros tinham lá seus defeitos e qualidades, como eu também os tinha. Mas a cultura nos unia e o que há negativo em cada um de nós deve perecer em prol do belo, da literatura, das virtudes e da humanidade.
Eu tinha dezenas de livros públicos abertos por mim à frente do Cartório Pinto Feitosa em Arneiroz-Ce. Livros públicos, diga-se de passagem, cujas importâncias se enobreciam por relatar parte da dinâmica de um povo. Outorga de mandatos, compra e venda de imóveis, nascimentos, mortes e infindáveis dados presentes que farão a história.
Tudo sem desmerecer a lírica presente em “Sensatez ao Extremo”, obra em prosa de valor, escrita com a alma e o coração, que depara com obstáculos para ser publicada, pois não depende só de mim. Além do crivo de minha mãe, necessita dos auspícios de gente absorvida por vicissitudes, ocupações e bloqueios. E eu tento harmonizar isso, conciliar o meu trabalho com a disponibilidade da Regina Fiúza, com a agenda da Maitê Proença, com a sobriedade do Kokão. E não é fácil.
Aliás, é preciso humildade para compreender que, embora tenha estudado em boas instituições, tido mestres a quem muito devo e feito cursos de irrefutável saber, deparo com contadores de histórias – pessoas do povo – bem mais cultas que eu. Aceitar e valorizar isso é ser inteligente. É diminuir a ignorância, encontrar-se, estar em paz e ser feliz.
Estou na academia. Sou até secretário. Mas o meu intuito é inovar, escrever e progredir. Estou realizado por estar com vocês. Parabéns por me aceitarem, pois se até o meu psicanalista afirma que não tenho bloqueios, eu sei que não sou fácil e posso dar trabalho, porém primo por contemplar as Letras e sua mãe Cultura.
Como patrono, escolhi Leonardo Feitosa, homem sem estudo aprofundado, mas que foi capaz de traçar a genealogia de uma família quatrocentona e das mais tradicionais do Ceará. Sua obra serviu de base para intelectuais renomados da contemporaneidade, como o Prof. Aécio Feitosa e o Pe. Neri Feitosa. Particularmente, não gosto desse tema. No que tange a ele, até o Antigo Testamento é monótono, mas admiro quem o fez com conhecimento.
Obrigado.
Tauá, 09 de abril de 2005.

MEMORIAL ANAMÉLIA CUSTÓDIO


Anamélia Custódio Mota
Membro Cadeira nº. 11


· ANAMÉLIA CUSTÓDIO MOTA - Nasci na vila de Marruás, Município de Tauá, Ceará filha de Adauto Cavalcante Mota e Ana Custódio Mota, aos doze de junho de 1955.
· Ainda em Marruás fiz meus primeiros estudos com a professora Creuzinha Cavalcante (a carta do ABC e a Cartilha).
· De 1962 a 1970 – o estudo primário no Ginásio Cristo Redentor. O Exame de Admissão ao Ginásio no Colégio Nossa Senhora das Dores. Da 1ª a 3ª série ginasial no Colégio Estadual de Senador Pompeu.
· A 8ª série e o Curso Normal no Colégio Antonio Araripe, em Tauá (1971 a 1974).
· Em fevereiro de 1975 fui aprovada em Concurso Público para as Telecomunicações do Ceará S/A –TELECEARÁ onde trabalhei até fevereiro de 2000.
· Em 1976 consorciei-me com Edmilson Barbosa Francelino (hoje separados judicialmente). Desse consórcio nasceram quatro filhos: Edmilson Filho (1977), Edwilson (1980), Pérola (1985) e Paloma (1988).
· 1996 – Êxito no vestibular para pedagogia na Universidade Estadual do Ceará – UECE/CECITEC.
· 2000 – Conclui o curso de Pedagogia, com Monografia em EDUCAÇÃO DE ADULTOS. Demitida sem justa causa – pelas privatizações, ingressei na Educação Estadual em Regime de Contrato Temporário: salas do TELECURSO 2000 até junho de 2002.
· 2001 – Início no curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia na Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.
· 2002 – Concluí o curso com Monografia de pesquisa no: Telecurso 2000/Tempo de Avançar. Docência na UVA, no Proformação e no Ensino Médio convencional.
· 2003 – Docência no Telecurso 2000 e na UVA, publicação do livro Educação: leis planos saberes e práticas, pela editora ABC de Fortaleza. Membro Convidada para Banca Examinadora de Monografia, realizada pela formanda Vanusa Moreira Nunes, cujo tema é: Projeto – Político Pedagógico e Currículo: uma articulação necessária, na UECE-CECITEC.
· 2004 – Artigos publicados na Revista Mundo Jovem da PUCRS:
Postura da Escola na Orientação Sexual – nº 343, fev, p.17.
Etnomatemática: a matemática na cultura dos povos – nº 346, maio, p.05.
Depressão e frustração no jovem – nº 351, out, p.08.
· No mesmo ano, Orientadora de Monografia, a formanda Cecília Maria dos Santos Ferreira, cujo tema: A Fome no polígono da Seca no Nordeste Brasileiros no curso de ciências na UECE/CECITEC.
· No Mesmo Fórum, convidada para Banca Examinadora no Curso de Pedagogia da formanda Maria Alice Araújo Mota, tendo como tema A construção da leitura, da escrita e da matemática e suas dificuldades encontradas na criança.
· Aprovada em concurso para professora substituta na área de Estudos em Pedagogia, da Universidade Estadual do Ceará – UECE/CECITEC. Tauá – Ceará (sem admissão até hoje).
· 2005 – Especializando em História e Sociologia pela Universidade Regional do Cariri – URCA. Co-fundadora da Academia Tauaense de Letras, tendo como Patrona Francisca Clotilde. Publicação do livro Ler escrever e calcular: reflexões psicopedagógicas.

Justificativa – Era noite de 13 de novembro de 2004, quando ouvi falar pela primeira vez em Francisca Clotilde. Foi justamente no auditório do Liceu de Tauá – CE, por ocasião do lançamento do livro JOAQUIM PIMENTA, Coleção Terra Bárbara, projeto da Fundação Demócrito Rocha, tendo como autor da obra o advogado Edmilson Barbosa Francelino Filho.
O Procurador do Estado e poeta Dimas Macedo em seu discurso fez menção ao autor, ao homenageado Joaquim Pimenta e à romancista tauaense Francisca Clotilde.
Foi também naquela mesma ocasião que João Geneilson lançou a idéia de se criar em Tauá a Academia de Letras.
Após reuniões e debates com o objetivo de fundar a Academia tive a felicidade de poder escolher o nome de Francisca Clotilde para ser Patrona da cadeira na qual viria a ter assento.
O curto espaço de tempo entre essa decisão e o dia da oficialização de abertura da Academia, foi curto para organizar uma pesquisa em torno da homenageada. Visitei as bibliotecas das escolas, e do museu, não encontrando nenhuma obra de Francisca Clotilde.
Estava eu nesse período escrevendo Ler escrever e calcular: reflexões psicopedagógicas, uma obra didática recém publicada.
Foi a partir de abril de 2005 que cai em campo. No primeiro momento, através da Internet. Numa dessas pesquisas descobri um Grupo de Trabalho na literatura feminina. Passei E-mail a todas elas. No mesmo dia (29/04/2005) recebi resposta da pesquisadora Zahide Lupinacci Muzart, contendo a relação de obras da Francisca Clotilde e referenciais bibliográficos.
De posse da referência bibliográfica e da relação das Obras de Francisca Clotilde viajei para Fortaleza com o objetivo de dar continuidade à pesquisa.
Infelizmente não consegui encontrar obras de Francisca Clotilde nas livrarias nem nos sebos. Foi de grande valia (no Sebo) o livro Lembrados e Esquecidos, de Otacílio Colares v. III, IUFC, 1977.
Na biblioteca da Universidade Federal do Ceará (13/05/2005), encontrei Dollor Barreira – História da Literatura Cearense - v. 2 Editora Juvenal Galeno - Mulheres do Brasil.
Na segunda-feira seguinte, voltei àquela biblioteca para encontrar o v. 1 de Dollor Barreira. Desta feita levando Educação leis planos saberes e práticas de nossa autoria, para doação. Qual foi a minha satisfação quando a bibliotecária (Vanessa) disse já ter lido nosso livro. Comentei com a bibliotecária sobre a pesquisa, e ela indicou para leitura “Entre mulheres, história e literatura, de Régia Agostinho da Silva, Fortaleza: UFC, Novembro de 2002.

MEMORIAL MICHEL PINHEIRO



Michel Pinheiro
Membro Cadeira nº. 35
Em pedido de Remoção

Descrição Informativa

1. O postulante foi técnico do Tesouro Nacional – cargo público federal da carreira de Auditoria da Recita Federal - , no período de maio de 1991 a dezembro de 1992. Foi aprovado ainda nos cursos de Técnico Judiciário (cargo exclusivo da carreira jurídica – conforme certidão do TRF 1ª Região anexada – DOC 1) e auxiliar judiciário da Justiça do Trabalho (certidão jungida – DOC 2).

2. Ingressou na magistratura por concurso público em 1992 (no estado do Pará), optando por vocação (certidão anexa informa ausência de punição administrativa – DOC 3). Em setembro de 1995 assumiu a magistratura do Ceará, nela atando a quase 11 (onze) anos, procurando dar o melhor de si e a primazia do seu tempo em proveito da instituição a que serve. O tempo total de judicatura, portanto, é de quase 14 (catorze) anos.

3. Sempre esteve em exercício no Interior do Estado à disposição da instituição judiciária, atendendo aos mais diversos chamamentos de seus dirigentes, seja na Justiça Comum, seja na eleitoral, agindo com o zelo necessário. Certidão anexada faz prova da posse em Reriutaba em setembro de 1995, ficando em exercício até novembro de 2000, mês em que assumiu o JECC de Tauá (DOC 4).

4. Conforme é notório, desde a primeira comarca comparece assiduamente ao fórum, e, em regra, nos dois expedientes, o que tem possibilitado apresentar a produtividade intimamente desejada e também reclamada pelos jurisdicionados. Nessa visada produtividade tem procurado primar pelo binômio eficiência-celeridade, tanto que são raras suas decisões modificadas pelas instâncias revisoras.

5. Assumiu, por opção pessoal, a então unidade do juizado Especial Cível e Criminal de Tauá, concorrendo pelo critério de merecimento, sendo o único a protocolar o pedido de promoção diante das notícias de que Tauá não era aprazível cidade para viver – fato não confirmado pelo subscritor diante da constatação de que há incontáveis pessoas que vivem na cordialidade.

6. Na reconhecida amabilidade, ressalta os advogados que na cidade militam – bem como todos os servidores das três varas, com quem tem mantido relacionamento franco e respeitoso.

7. Foi juiz nas comarcas de Breves (ilha de Marajó – estado do Pará), Gurupá (Rio Amazonas – no estado do Pará) e Uruará (Transamazônica, região oeste do Pará). No Ceará, exerceu a jurisdição em Reriutaba pelo período de cinco anos e três meses, procurando atuar com obstinação e denodo.

8. Sempre motivado pelas perspectivas almejadas pelos juizados especiais cíveis e criminais, atua buscando agilidade para manter o respeito adquirido junto à sociedade de Tauá. O Juizado Especial de Tauá conta com pouco mais de 900 processos, com pauta de audiência em dia (há a incessante obstinação em não deixar que nenhuma seja realizada em prazo superior a 30 dias da propositura da demanda).

9. É de notória satisfação dizer que a sociedade tauaense tem procurado o juizado especial em decorrência da celeridade, mormente nos julgamentos que envolvem as relações de consumo. A pauta é conferenciada para que os atos audienciais sejam realizados em prazo nunca superior a um mês.

10. Procedimento inovador foi adotado pelo postulante no processos de execução: é designada audiência logo no início do feito processual com esteio no artigo do Código de Processo Civil que estipula a previsão para que o juiz tente conciliar as partes a qualquer momento. O sucesso da medida é comprovado com elevado número de conciliações, sempre a melhor opção quando se quer dirimir conflitos.

11. O ora requerente sempre privilegiou o cumprimento de cartas precatórias. Ao assumir cada unidade judiciária – comarca ou vara -, sempre determinou que todas as precatórias fossem colocadas imediatamente sobre sua mesa para exame e doação das providências pertinentes, com designação de audiências para datas próximas quando era o caso.

12. Respondeu quase um ano pela Comarca de Catarina, distante de 70 Km de Tauá, com 38 Km de estrada carroçavel de estado deplorável. Respondeu ainda pela 2ª de Tauá. Nas duas respondências não houve prejuízo da titularidade.

13. O postulante sempre se manteve receptivo, atendendo aos advogados, às partes e ao público em geral. Nunca enfrentou qualquer problema de relacionamento. Nas comarcas por onde passou sempre efetivou audiências públicas, sem dias previamente estabelecidos diante da necessária atenção que tinha às angustiadas pessoas que procuravam falar com o juiz (diante da ausência de defensores públicos).

14. Recebeu, com emotiva satisfação, títulos de cidadão nas comarcas de Uruará, Pará (DOC 5) e Reriutaba (DOC 6) e Tauá (DOC 7), ambas do Ceará, concedidos por leis aprovadas nas respectivas Câmaras dos Edis, diante da aprovação da sociedade pelos reconhecidos serviços prestados. Ditos títulos foram afixados na parede da sala de audiências do Juizado Especial de Tauá, consistindo motivo de muito orgulho.

15. Integrado à sociedade, sempre participa de eventos sociais de interesse local (segue, como exemplo, comprovante de participação em audiência pública de instalação de aterro sanitário – DOC 8).

16. Além da especialização em processo penal (DOC 9), o subscritor fez especialização em Direito Público e Privado (DOC 10), cursos de aperfeiçoamento de magistrados nos estados do Pará (DOC 11) e Ceará (DOC 12). Comprovantes em anexo.

17. Reputados de importância são os elogios feitos pelos Desembargadores José Maria de Melo (quando exercia a função de Presidente da Associação Cearense de Magistrados – DOC 13) e Desembargador Fernando Luiz Ximenes Rocha (no exercício da Vice-Presidência do Tribunal de justiça do Ceará – DOC 14), sobre, respectivamente, a atuação em defesa da classe de magistrados e sugestão para melhoramento da atividade jurisdicional.

18. Inspeção feita pela Corregedoria Geral de Justiça, com a presença do Corregedor Desembargador João de Barros Bringel, concluiu – na data de 6 de outubro de 2005 - , in verbis, que “o zelo funcional e a dedicação dos juízes que atuam na Comarca de Tauá, tanto no tocante à eficiência na prestação jurisdicional, digna de elogios, bem como em relação à organização e a administração dos prédios que compõem a estrutura física do Poder Judiciário local, denotando-se excelente estado de conservação de ambos os prédios”. (segue anexa cópia do Termo assinado pelos quatro juízes auxiliares da Corregedoria – DOC 15)

19. A prova da residência na comarca é feita com conta de linha telefônica (DOC 16).

20. Além dos documentos agregados a este memorial, foram juntos ao pedido de inscrição os seguintes:

a) Comprovação do exercício das funções de Juiz Eleitoral com exercício na 79ª Zona Eleitoral de setembro de 1995 a dezembro de 2000;

b) Respondência por período superior a 2 (dois) anos;

c) Comprovante de que concluiu especialização pela ESMEC/UFC em processo penal;

d) Exemplar de livro jurídico (Sentenças do Juizado Especial Cível);

e) Comprovante de endereço na cidade (conta telefônica 3437-2523);

f) Certidão de exercício na comarca de Catarina pelo período de 341 dias (DOC 17);

g) Certidão de exercício na 2ª Vara de Tauá pelo período de 103 dias (DOC 18);

h) Certidão de exercício na 2ª Vara de Tauá pelo período de 303 dias (DOC 19);

i) Certidão de exercício na 79ª Zona Eleitoral pelo período de 5 anos (DOC 20);

j) Certidão do Conselho Superior da Magistratura (DOC 22);

k) Certidão da Corregedoria Geral da Justiça (DOC 21).

Subscreve cônscio de ter sido um dos escolhidos por Deus para servir à sociedade.

Em 21 de setembro de 2006


Memorial – Michel Pinheiro

HISTÓRICO AÉCIO FEITOSA


Aécio Feitosa
Membro Cadeira nº. 15

HISTÓRICO


Nasci em Arneiroz a 14.04.40 sendo meu pai Djalma Feitosa, neto do genealogista Leonardo Feitosa e minha mãe Maria Edite Monteiro Feitosa, filha do Major Leandro Bezerra Monteiro, do Crato.
Em Arneiroz iniciei meu Curso Primário prosseguindo-o em Iguatú, Senador Pompeu, Umari e concluindo-o em 1953 no Juvenato São José, pertencente aos Irmãos Maristas, na cidade de Missão Velha.
Entre 1953-1960 no Colégio Imaculada Conceição, na cidade do Recife, realizei meu Curso Secundário.
Regressando ao Ceará fui Licenciado em Pedagogia pela Faculdade Católica de Filosofia em 1966, instituição na qual exerci o magistério ainda como acadêmico ao mesmo tempo em que fui “intérprete” de língua francesa no récem-inaugurado Banco Francês e Brasileiro.
Como professor exerci o magistério em vários Colégios da Capital cearense, entre os quais Juvenal de Carvalho, Dorotéias, Lourenço Filho e Nossa Senhora das Graças.
Em 1968 obtendo o 1º lugar em Concurso Público para a Faculdade de Filosofia do Ceará assumi o magistério nessa instituição obtendo igualmente o 1º lugar em novo Concurso Público para a mesma função junto à Universidade Federal do Ceará.
Na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) realizei Curso de Pós Graduação a nível de Mestrado (1976-1977) período em que fui professor dessa instituição e Assessor de sua Consultoria de Projetos (CONSULPUC). Prestando essa assessoria estive em Brasília, Florianópolis, Belo Horizonte e Porto Alegre ministrando Cursos de Treinamento para docentes do Banco Central.
Regressando ao Ceará reassumi minhas funções de Professor DA UFC e UECE e a função de Diretor-Executivo da Fundação Educacional Filgueiras Lima entidade mantenedora do Colégio Lourenço Filho.
Em 1980 viajei como Bolsista do MEC/CAPES para a Bélgica onde permaneci quatro anos realizando Curso de Doutoramento junto à Universidade Católica de Louvain, defendendo Tese doutoral em setembro de 1984.
De volta ao Ceará assumi minhas antigas funções de Professor junto as duas instituições superiores acima referidas e a função de Chefe de Gabinete da Secretaria de Educação do Estado.
Em 1992 a 1993 aposentei-me respectivamente como docente da UFC e da UECE.
No momento exerço o magistério nos Cursos de Pós-graduação da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) em Fortaleza e cidades do interior.
Como produção literária publiquei diversos artigos em revistas especializadas da Europa (França e Portugal); em Revistas brasileiras de Fortaleza e Belo Horizonte e dezenas de artigos em periódicos da Capital cearense e do interior. Tenho 14 (quatorze) publicações entre livros e plaquetas voltadas para assuntos de natureza genealógica com particularidade sobre a grei Feitosa, dos Inhamuns (Curriculum Vitae em anexo).
Pertenço ao “Instituto Cultural do Cariri” (Cadeira n.º 19), com sede em Crato a ao “Instituto Memória de Canindé”.
Em 2004 recebi o título de “Cidadão de Fortaleza” da Câmara Municipal dessa cidade.
Tive a subida honra de presidir o primeiro Concurso para Professores da UECE instalada no “campus” avançado da cidade de Tauá.

Fortaleza, 25 de janeiro de 2005.

Aécio Feitosa

quinta-feira, 10 de maio de 2007

BIOGRAFIA F. CLOTILDE

Francisca Clorilde
Patrona da Cadeira nº. 11
Nasceu em São João de Inhamuns, atualmente Tauá, na fazenda São Lourenço, no dia 19 de outubro de outubro de 1862, sendo seus genitores, João Correia Lima e D. Ana Maria Castelo Branco. Sua infância decorreu sem maiores incidentes na paz bucólica do sertão, numa época em que criança não carecia estudar, ainda mais sendo menina.
Por motivo ignorado e sem data precisa, a família muda-se o povoado de Calabôca, serra que viria a ser a cidade de Baturité, onde as famílias abastadas contratavam professores e a menina fez seus primeiros estudos com a professora D. Ursulina Furtado.
Depois do aprendizado primário, foi estudar em Fortaleza no Colégio Imaculada Conceição. Foi aluna da Escola Normal, onde se fazia notar pela sua felicidade em redação, e tão logo terminado o curso, estaria apta para ser professora em um grupo escolar.
Atendendo a vontade do pai, casa-se em 1880, aos 18 anos com Francisco de Assis Barbosa Lima.
Em 1882 submete-se a exames para professora, da Escola Normal, então dirigida e orientada exclusivamente por homens. Fazendo provas brilhantes, com distinção em todas as matérias, foi considerada apta para exercer o magistério, carreira com a qual se sentia fortemente inclinada – fato notável – foi a primeira professora do sexo feminino a lecionar na Escola Normal!
Era Diretor desse educandário, àquela época, o Sr. José de Barcelos, e foi seu examinador o professor Tomaz Antonio Carvalho, que era lente só para o sexo masculino.
Entrou para o magistério no dia 12 de junho de 1882, na Escola Normal, onde lecionou até março de 1895.
Participou ativamente da Sociedade das Senhoras Libertadoras. Ora escrevendo, ora distribuindo panfletos. Saindo vitoriosa a causa da Abolição, ofereceu uma coroa de louros ao Dr. Caio Prado, então presidente da província do Ceará, proferindo a seguinte quadrilha de sua autoria:
Eis o momento sublime
Da liberdade e da glória,
No mundo inteiro ressoam
Os hinos dessa vitória!
Redigiu em 1888, com Duarte Bezerra e Fabrício de Barros, A Evolução, jornal científico e literário. Foi colaboradora do jornal O Domingo surgido no mesmo ano, e O Libertador, onde colaboraram figuras de projeção como Rodolfo Teófilo, Clovis Beviláqua, Juvenal Galeno e outros.
Foi figura proeminente do Clube Literário, do qual fizeram parte: Farias Brito, Justiniano de Serpa, Antonio Bezerra de Menezes, Abel Garcia, Oliveira Paiva, Juvenal Galeno e outros. Em A Quinzena, publicou vários sonetos.
Em 1889 publicou Lições de Aritmética, para a Escola Normal do sexo feminino, com 102 páginas.
Colaborou no Ceará Ilustrado, aparecendo trabalhos seus em meio aos de Álvaro Martins, Sabino Batista, Viana de Carvalho, Juvino Guedes, Rodrigues de Carvalho e outros.
Várias são suas colaborações em Revistas e Jornais fora do estado do Ceará. O Lyrio, de Recife (1902-1904), de Amélia de Freitas, esposa do renomado cearense Clóvis Beviláqua A Família, São Paulo (1881-1883) e Rio de Janeiro, (1883-1897), de Josefina Álvares de Azevedo e A Mensageira (São Paulo – 1897-1900).
Publicou uma Coleção de Contos com prefácio de Tibúrcio de Oliveira, editada pela Tipografia de Cunha Ferro & Cia.
Finalzinho do Século, fugindo de um surto de tuberculose e outras epidemias que invade Fortaleza, muda-se para Baturité. Lá chegando, funda o Externato Santa Clotilde, para meninos e meninas.
Sobre seu romance A Divorciada, 233 p. publicado pela Tipografia Moderna a Vapor, Rua Formosa, 71, Fortaleza – CE, 1902 assim se manifestou o jornal A República, na edição de 2 de abril de 1902:

“Temos sobre a nossa banca de trabalhos esse novo livro da apreciada escritora cearense, demonstração irrecusável de uma insistente e perseverante atividade intelectual.
O talento da autora, promissoriamente demonstrado em outro gênero da literatura, apresenta no ramo que ora escolheu novas e significativas manifestações de um espírito acostumado à observação diária dos fatos, auxiliado por estimáveis faculdades de análise.
Passando do conto ao romance, concepção indiscutivelmente mais vasta e complexa, Francisca Clotilde nos deixa perceber através de sua engenhosa e fértil imaginativa, traços ideativos de uma vocação definida.
Inspirada e retratada pelo nosso meio, a auspiciosa tentativa da inteligência e operosa romancista é um estudo de costumes a que comunica vida a uma das nossas controvertidas questões civis _ o divórcio.
O enredo é tratado com carinho, e vê-se que a autora muito se esforçou por explorar todos os acidentes locais, fazendo vingar a índole da sociedade que serviu de teatro à sua produção”.

O restante da imprensa silencia, condenando o livro ao esquecimento de várias gerações. Inclusive de seus conterrâneos.
Na revista O Lyrio nº 18/19, abril e maio/1904, Recife/PE encontramos, o soneto

A REDEMPÇÃO

A treva esconde a face delicada
Do Salvador exangue sobre a Cruz,
Porque fugia do sol a própria luz
E a natureza treme horrorizada.

Nem um conforto! Só a desvelada
Mãe comprimida ao lenho de Jesus
Sente pungir-lhe n’alma desolada
A dor cruel que a pena não traduz.

Silencio, trevas, magoa, confusão!
Eis terminada a lúgubre Paixão
Consumou-se a tragédia deicida.

Abriu-se o eco, oh! Justos, exultae!
Flori boninas! Aves gorjeiam
Saudando a humanidade redimida!

No dia 28 de outubro de 1906, ainda na cidade de Baturité, Francisca Clotilde juntamente com sua filha Antonieta Clotilde dá inicio a publicação da brilhante revista A Estrela. A revista teve duração ininterrupta até o ano de 1921, quando por forças das circunstâncias e de dificuldades financeiras, deixou de circular. Sobre a revista assim se reporta Maria Stela Barbosa de Araújo (1952):
“De publicação mensal, bem concatenada com material de primeira qualidade, trabalhos selecionados e com farta colaboração, A Estrela brilhou nos céus intelectuais do Ceará, espalhando os seus raios luminosos por todos os Estados do Brasil. Era uma revista que deliciava imensamente o sexo feminino, se bem que tivesse vastos admiradores entre o sexo forte.
Teve ótimos colaboradores, entre tantos,
Leodegária de Jesus e Celso Meira de Vasconcelos, Minas Gerais.
Cordélia Silva, da Paraíba;
Julieta Marinho, do Rio de Janeiro;
Auta de Sousa e Rosália Sandoval, do Rio Grande do Norte;
Dr. Beni Carvalho, Andrade Furtado, Carlyle Martins, Antonio de Castro, do Ceará.
Dr. Eduardo Dias, baiano, radicando em Aracati.
E muitos outros”.

Em fevereiro de 1908, deixa a cidade de Baturité, atendendo convite de pessoas de destaque, passando a morar em Aracati.
Em março do mesmo ano funda o Externato Santa Clotilde, para meninas, posteriormente tornando-se misto, onde na realidade se educou a elite da juventude da terra dos “bons ares”.
A seguir, o depoimento de três ex-alunos sobre a professora D. Francisca Clotilde. Mário Linhares, ex-presidente da Academia Cearense de Letras assim se reporta em Dolor Barreira:

“Conheci-a como professora em Baturité, em minha meninice, aí por 1904. Minha mãe era muito sua amiga, aproximou-nos. Foi ela quem corrigiu os meus primeiros versos e me ensinou os segredos da metrificação. Sua modéstia e a obscura vida de educadora no interior cearense estiolaram-lhe o vigor da inteligência, que não teve a projeção que a faria um dos nomes mais queridos das nossas letras femininas”

Maria Stela Barbosa de Araújo, Membro da Ala Feminina da Casa Juvenal Galeno tendo Francisca Clotilde como Patrona, In Mulheres do Brasil (Pensamento e Ação),

“Jamais esquecerei as suas sábias lições de civismo e a sua bondade inigualável, a sua extrema tolerância e suave meiguice. A sua figura foi e é para mim um símbolo, cuja vida intelectual de fecundidade espantosa, empolgava-me e enchia-me de admiração e respeito, nos velhos tempos do aprendizado primário. Recordo-me de que, ao completar ela o jubileu de ensino, seus alunos, em colaboração com o povo daquela cidade litorânea, festejaram-no de maneira condigna.
Foi de uma abnegação a toda prova no desempenho de seu mister: muito amiga da juventude e, sobretudo, das crianças, das quais sempre se lembrou até os últimos instantes, dizendo quando se sentiu morrer, desejar que ao seu enterro comparecesse avultado número delas, o que efetivamente se verificou, quando placidamente fechou os olhos à vida na madrugada de 8 de dezembro de 1935, na cidade de Aracati, vítima de um colapso cardíaco”

Figueiras Lima, coordenador de trabalhos apresentados à Casa Juvenal Galeno, assim se reporta em PARECER ao trabalho de Stela Araújo, em 29 de outubro de 1952:

“Tão esquecida das atuais gerações, a suavíssima poetisa Francisca Clotilde encontrou afinal uma biografia capaz de levantar o seu nome do pó do olvido e fazê-lo admirado pelas novas correntes literárias do Ceará.
Nós que a conhecemos na nossa adolescência, quando tivemos de residir por algum tempo na amorável cidade Jaguaribana, a que ela dedicou o melhor de sua fina inteligência e do seu imensurável coração, podemos dizer que nestas páginas evocativas encontramos Francisca Clotilde.
A mestra infatigável, com assento montessoriano em suas atividades educacionais, a poetisa de alma sempre aberta para a harmonia do cosmos e os ritmos da vida; a mulher superior que, colocada embora acima do meio em que viveu, soube amá-lo com enternecido afeto, a doce e santa velhinha que um povo inteiro ouvia, seguia e amava. Nós a vimos agora e de novo, após tantos anos de distância da época em que tivemos a alegria de conhecê-la!

Quando da campanha rabelista, Francisca Clotilde escreveu artigos brilhantes e candentes em torno da candidatura do seu preferido. Artigos esses publicados na Folha do Comércio e depois enfeixados em coletânea, numa brochura, editada pela Tipografia Comercial de Aracati.
Para Stela Araújo, Francisca Clotilde “Nunca hesitou em colocar a pena a serviço das grandes causas do Brasil e particularmente, do Ceará, sem se importar com as restrições que lhe pudessem advir da parte dos poderosos do dia”.

A Mulher na Política

“Hoje, que o movimento progressista da humanidade se tem desenvolvido de modo extraordinário e animador, não é de estranhar que a mulher, deixando-se arrastar na onda de entusiasmo, fique ao lado do homem na luta pelas boas causas.
Desde os tempos mais remotos, vemo-la desempenhar um importante papel, apesar de ser considerada frágil e inconsciente pelos espíritos pessimistas.
A história bíblica fala-nos de Débora doutrinada o povo à sombra das palmeiras e dando-lhes planos de batalha para repelir o inimigo; mostra nos a linda viúva de Betúlia que, inspirada por Deus, penetrou no campo dos Assírios e conseguiu degolar o general Holofernes, trazendo-lhe a cabeça como um troféu aos seus concidadãos que proclamaram a glória de Jerusalém, a alegria de Israel”.
(...)
O nome de Joana D’Arc é venerado por todos e a Igreja a colocou entre os bem aventurado porque o seu patriotismo irradiava os reflexos da virtude mais sólida, de pureza mais angelical.
(...)
Em que pese aos obscuristas, o tempo do fuso e da roca já desapareceu na voragem do passado e hoje a mulher, se não tem o direito de se apresentar nos comícios eleitorais, porque a lei não lho quis ainda conferir, tem o direito sagrado de acompanhar o homem, máximo quando ele se bate pela pátria em seus dias nefastos e trabalha pela liberdade e pelo progresso.
Por que estranhar que se tenha se criado a Liga Feminina em prol de uma candidatura que é a esperança de um Estado oprimido e digno de melhor sorte?
Por que censurar as manifestações a que as próprias crianças se associam com o sorriso nos lábios e a inocência lhes irradiando na fronte?
Falem contra a mulher cearense; eu aplaudo-a porque confio que a sua presença nestas festas populares é um prenúncio de triunfo para a boa causa e concito-a reanimar o valor de seus filhos e a ensinar-lhes que, acima dos governos mal inspirados, está a imagem da Pátria pedindo amor e sacrifício, impondo-se à nossa veneração, pairando serena e controlada como o céu que se desdobra sobre nossas cabeças lembrando-nos que Deus para reunir a humanidade teve também o concurso sublime de uma mulher que ele colocou à sua destra, acima de todas as criaturas, no fastígio da glória e da imortalidade.
Os Direitos do Povo

“Sabedoria popular! Bonitas palavras inteiramente de vazias de sentido no apregoado regime das Repúblicas!
Temos o exemplo frisante do que se passa entre nós, neste triste espetáculo que o Brasil apresenta perante as nações cultas da terra. Para que serve o direito do voto? Qual é o fim dos comícios eleitorais?
No entanto, qual é o resultado dessa atividade sagrada e respeitável? Os partidos impõem o reconhecimento de seus adeptos e, embora tenham eles tidos a minoria e seja isso um fato claríssimo e indiscutível, saem vitoriosos e vão às câmaras alardear o seu prestígio e apresentam projetos que fazem envergonhar os que dentre eles são mais escrupulosos e menos indignos.
É isto que chamam República? Pobre Povo!
O teu direito é conspurcado a todo instante, só tens que suportar o vexame do imposto, o jogo dos mandões, a prepotência dos chefes que colocam os seus interesses acima de tudo.
(...)
Tudo se encaminha numa corrente fatal para o desprestígio de uma Nação que devia espirar os mais elevados ideais.
Que ressoe pela imprensa o grito que nos vem do íntimo verberando os desmandos e injustiças com que se celebram os timoneiros do nau governamental.
Será vencido o povo?
Continuará a ser vítima do partidarismo egoísta dos maus cidadãos, ameaçado pelas baionetas e pelos canhões?
Deus proteja o Ceará, que atravessa uma fase difícil, e livre os meus patrícios de lutas fratricidas fazendo-os gozar as delícias de um governo digno e justo”.

Dessa mesma época e dentro do mesmo contexto encontramos o soneto datado de 1912,

AVE CEARÁ:

Ave, Terra da Luz, Ó pátria estremecida,
Como exulta minha alma a proclamar-te a glória,
Teu nome refugastes inscreve-se na história,
És bela, sem rival, no mundo, engrandecida!

A dor te acrisolou a força enaltecida,
Conquistaste a lutar as palmas da vitória
Hoje és livre e de heróis a fúlgida memória
Jamais se apagará e a fama enobrecida.

O Sol abrasa e doura os teus mares que anseiam
Em vagas que se irisam, que também se alteiam
A beijar com ardor teus alvos areais.

Eia! Terra querida, sempre avante!
Deus te guie no futuro em ramagem brilhante
Nas delícias do bem, nos júbilos da paz!

Datado de 23 de agosto de 1925, precisamente 10 anos antes de sua morte, num canto de saudade, temos:

CASA DESERTA

Esta casa que vês desmoronada,
Solitária e deserta no caminho
Foi outrora de noivos castro ninho,
De ilusões e de risos povoada.

E hoje, como fúnebre morada,
Já não conserva o traço de um carinho,
Nem se ouve o cantar do passarinho
Em seu muro, ao romper da madrugada.

Assim meu coração...dantes repleto
De ilusões e de cândidos amores
É hoje como um túmulo deserto...

E o vergel, onde outrora lindas cores
Das rosas de um porvir risonho e certo
Brilharam, tem espinho em vez de flores.

Além de professora, cronista, poetisa, romancista, Francisca Clotilde escreveu peças teatrais, portanto também teatróloga.
O historiador Antero Pereira em palestra “O Teatro no Aracati Antigo”, realizada no dia 25 de agosto de 2004, destaca que “Nas décadas de 1910 e 1920, tivemos nossa Francisca Clotilde como incentivadora do nosso teatro, que escreveu e promoveu a encenação de várias peças teatrais, tais como:
· Fabíola Drama em 3 atos , 1902;
· Santa Coltilde Drama; s.d.
· Devaneio, monólogo, 1908;
· A filha de Herodes; Drama Histórico; s.d.
· As flores do Natal. Drama em 2 atos, 1909;
· Pérolas do bosque. Drama em 3 atos, 1919;
· A crise. Comédia em 1 ato. 1919;
· Visitas importunas. Comédia em 1 ato. 1921;
· A toutinegra do moinho. Drama em 3 atos, extraído do romance homônio, de Emile Richebourg, 1921;
· Azar do hotel. Comédia em 1 ato. 1921.

Tendo iniciado o magistério aos 12 de junho de 1882, exerceu-o até os últimos dias de sua vida, pois a 30 de novembro de 1935 deu, pela derradeira vez as férias ao Externado Santa Clotilde, falecendo 8 dias após, aos 73 anos, passando mais de 53 anos de profícuo e afanoso lutar em prol da educação cearense (Fortaleza, Baturité e Aracati). Desse tempo 27 anos na cidade de Aracati, onde estão os seus restos mortais.
Mercê do seu talento, teve o grito dos excluídos (negros, mulheres, anciãos e órfãos carentes), como expressão estética de sua obra. Francisca Clotilde foi uma mulher de vanguarda, uma mulher de denúncia; escreveu sobre questões sociais, colocando em debate o mundo das pessoas, dos homens e das mulheres. Atravessou anos e confirma, centenária, a vocação de ser imorredoura.
É nome de rua em Fortaleza. É nome de grupo teatral em Aracati. É patrona na ala feminina na Casa Juvenal Galeno.
É uma honra tê-la como Patrona da cadeira na qual tenho assento nesta Academia.
Muito obrigada!

Tauá-CE, 10 de Setembro de 2005

Anamélia Custódio Mota
Av. Cel. Lourenço Feitosa, 26
63660-000 – Tauá-CE
(85) 8813-0716

sexta-feira, 4 de maio de 2007

AUTO RETRATO JANUÁRIO FEITOSA

Januário Feitosa (in memória)
Membro cadeira nº. 16

AUTO – RETRATO
Páginas de Minha Vida

MEUS ANCESTRAIS MAIORES

Minha família é de origem portuguesa. Seu primeiro representante a chegar ao Brasil em meados do século XVIII foi João Alves Feitosa. Era proveniente da povoação “Feitosa”, Freguesia do Minho, Portugal, pertencente à Comarca de Ponte Lima, situada a 30 quilômetros ao Oeste de Braga e 375 ao Norte de Lisboa. É ele o tronco genealógico comum da hoje numerosa família Feitosa.
Descendo desta muito distante raiz genealógica, nascida nos Inhamuns. Dela proveio Justino Alves Feitosa (1º) meu bisavô, natural do Arneiroz.
Por volta de 1840 o patriarca Justino deixou aquela região e veio fixar-se nas circunvizinhanças de Barbalha, Cariri, onde arrendou o Sítio Roncador.
No Roncador contraiu casamento com Bauduína Feitosa de Oliveira Cabral, tendo entre outros filhos Normando Alves Feitosa que se casou com Maria Perciliana dos Santos e dela deixou o filho Justino Alves Feitosa (2º), casado com Francisca Maria Feitosa que são meus pais.
Estas são minhas raízes genealógicas.
PARAIBANO POR ACASO
Todos meus irmãos são cearenses. Todavia, sou um “paraibano por acaso”. Explico.
Transcorria o ano de 1914. O Ceará enfrentava um delicado momento político. De um lado, estavam as forças governistas, liderado pelo então presidente do Estado, Marcos Franco Rabelo. Do outro estavam as forças adversárias e rebeldes chefiadas pelo Senador Floro Bartolomeu, médico e assessor do Padre Cícero Romão Batista, sediado em Juazeiro do Norte.
Um clima com ares de conflito armado pairava sobre a região do Cariri onde residiam meus pais. Temendo um possível derramamento de sangue Justino Alves Feitosa, meu genitor, decidiu conduzir sua família para o Estado da Paraíba. Fixou moradia na Lagoa do Mato, proximidades de Cajazeiras. Minha mãe encontrava-se grávida de quem escreve estas linhas. Foi ali que a 28 de dezembro de 1914 eu nasci.
Tão logo serenaram os ânimos no Ceará, minha família retornou ao solo alecarino, indo resistir em Aurora, Cariri. Nestes termos Justifica-se minha afirmação de que sou um “Paraibano por acaso”.

DA INFÂNCIA A MATURIDADE

Iniciei meus primeiros estudos primários no sítio Ipueiras aos sete anos de idade recebendo os ensinamentos da Professora Nilza Cabral. Prossegui a caminhada nestes estudos na cidade de Aurora com o Professor Luiz Gonzaga Maciel.
Foi igualmente em Aurora que meu pai me iniciou nas atividades comerciais. Era ele produtor agrícola. Semelhantemente e já contando meus 14 anos de idade dirigia-me à cidade de Cajazeiras, chefiando alguns almocreves e uma tropa de animais carregados com variados produtos agrícolas. Tomei gosto pelas atividades comerciais. Assim, aos 29 anos de idade tornei-me comerciante autônomo, na cidade do Barro.
Em 1934, com um pequeno capital acumulado associei-me a José Leite de Araújo Cabral, meu cunhado, passando a explorar o comércio de tecidos e de algodão em pluma.
Seis anos depois, a convite de Antenor Ferreira Lins, firmamos uma sociedade no ramo de algodão. Esta parceria teve a duração de 10 anos.
Entre 1946 e 1951 mantive um Escritório de Representação na cidade de Campina Grande, Paraíba, coordenando, a venda de algodão por mim produzido bem como de outros produtores.
Em 1951 transferi-me definitivamente para Fortaleza, dando continuidade as minhas atividades comerciais e industriais.
TRAJETÓRIA POLÍTICA
Sem menosprezar o interesse pelas atividades comerciais herdei do meu pai a vocação política. A esta árdua e ao mesmo tempo gratificante missão passei a dedicar grande parte de meus dias.
Em 1958, incentivado pelo apoio de milhares de conterrâneos, centenas de amigos e meus familiares, ingressei na política elegendo-me Suplente para a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará. Logo depois vi consolidada minha presença como efetivo representante do meu povo naquele egrégio colegiado.
No mandato de Deputado Estadual estive por quase 12 anos consecutivos, recebendo o sufrágio dos votos nas eleições.
Provavelmente, como tributo à minha atuação na Assembléia do Estado os cearenses elegeram-me Deputado Federal em 1971, sendo reeleito para períodos legislativos sucessivos que se estenderam até 1982.
No Parlamento Nacional representando os anseios da coletividade alencarina foi de minha iniciativa, entre outras, o Projeto N.º 837/72 autorizando o Poder Executivo a conceder empréstimos através do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste para a construção de açudes e barragens a agricultores residentes na área do chamado Polígono das Secas. Os resultados desta iniciativa foram deveras gratificantes beneficiando o sertão nordestino com bacias hídricas situadas em diversos Estados da Federação.
Ainda no Congresso construí sólidas amizades com altas expressões da política brasileira e integrei a Comissão de Segurança Nacional.
Em 1982 tive a subida honra de ser designado pela Câmara dos Deputados para integrar a delegação brasileira à 69ª. Conferência Interparlamentar realizada em Roma. Nesta oportunidade privei de audiência com o Papa João Paulo II.
Outras realizações minhas como parlamentar deixo de enumerar.

PRODUÇÃO LITERÁRIA

Percorri também os caminhos da literatura escrita sendo de minha autoria os seguintes trabalhos:
O Sertão do Meu Tempo, editado em 1988;
O Vaqueiro: resgate histórico e crônicas reunidas, 2003;
Do Sertão ao Parlamento, com edição em 1978;
Eméritos Cearenses Que Honraram a Nossa História, edição em 1982, exemplar hoje integrado ao acervo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos da América do Norte;
Os Feitosa do Barro Cariri, edição prevista para 2004.