Lourenço Alves Feitosa
Patrono da Cadeira nº. 18
1. O Tempo:
Uma figura importante do Minho de Portugal veio para o Brasil: João Alves Feitosa, acompanhado do irmão José Alves Cavalcante.
Quando se deu isto? Podemos aproximar as datas, de acordo com os documentos e a lei. Em 1680, João Alves Feitosa foi requerente, com 9 companheiros, de uma sesmaria de 40 léguas em Araripecico, às margens do São Francisco, perto de Penedo. Um companheiro no requerimento era o filho Lourenço Alves Feitosa. Segundo informação do Dr. Vinícius Barros Leal, do Instituto do Ceará, a lei determinava que o requerente devia ser maior de 18 anos. Concedendo-se o mínimo de três anos para João Alves Feitosa chegar ao Brasil, casar e ter filho, vamos ter a data de 1659 para sua entrada no País Brasil.
João Alves Feitosa aqui conquistou o posto de Capitão de Milícias da Colônia (cf. Dicionário Bio-bibliográfico da Família Feitosa, I vol.,6). Casou com Dona Ana Gomes Vieira, filha do rico colono Coronel Manoel Martins Chaves, dono de terras em Alagoas e Sergipe, numa e outra margem do São Francisco.
2. Ascendentes:
Lourenço era filho de João Alves Feitosa e sobrinho de José Alves Cavalcante. Ambos assinavam com Alves no nome. Alves é síncope de Álvares, no linguajar de Portugal, é genitivo de Álvaro, algum ascendente dos dois.
O sobrenome Álvares é anterior e mais importante que o sobrenome Feitosa. Álvares vem ligado a dois ascendentes mui ilustres – o Benaventurado Nun’Álvares, o Condestável, a quem os cratenses de Portugal erigiram um monumento bem à entrada da cidade de Crato do Alentejo, e o descobridor Pedro Álvares Cabral. Portanto para quem é Feitosa vale a pena assinar Alves Feitosa. Esquisita a atitude do Mons. Antônio Feitosa que, já ordenado sacerdote, foi a cartório e retirou Alves de seu nome.
Feitosa passou de locativo a personativo com João Alves Feitosa, cujo nome anterior devia ser João Alves Cavalcante, como o irmão José Alves Cavalcante.
O motivo da modificação no nome deve ter sido entre saudosismo da terra natal e identificação da procedência: da Feitosa, freguesia do Distrito de Ponte do Lima.
Cavalcante com “i” e Cavalcante com “e” não designam nobresa ou plebeísmo, mas fidelidade à língua: na Itália, Cavalcanti com “i”; em Portugal e no Brasil, Cavalcante com “e”.
3. Os Lugares:
A primeira parada de João Alves Feitosa no Brasil foi em Penedo, nas Alagoas. Aí deve ter demorado, porque fez conhecimento, namorou, casou, teve filhos e requereu sesmaria; a segunda foi em Serinhaém, em Pernambuco, perto de Ipojuca; a terceira foi no Icó, onde pode ter sido pouco tempo, afim de orientar-se no andretamento no Ceará; João Brígido pensa que ele livrando-se da guerra holandesa; a quarta, segundo Raimundo Girão e José Alves de Figueiredo, romancista de Crato, foi em Santana do Cariri, onde erigiu a igreja, depois matriz da freguesia (Dic. Bio-bibliográfico, I vol., 5 e 6).
João Alves Feitosa, ao ingressar no Ceará, não desprezou suas sesmarias no São Francisco nem as deixou cair em comisso, pois seus netos iam anualmente ao São Francisco receber rendas de terras, conforme se lê no Tratado Genealógico da Família Feitosa, (p. 21, 2ª. Ed.). Suas terras lá continuaram, por herança, a pertencer a Lourenço, seu filho, e Pedro Alves Feitosa, seu neto, pelo lado de Francisco.
4. O Mega Sesmeiro:
Por princípio e para nossa informação, as sesmarias eram em média de três léguas e de quatro sesmarias por indivíduo. As sesmarias de 30 e 40 léguas eram para vários parceleiros que entre si combinavam o lugar e tamanho da posse. Em tudo isso houve exceção e preferência, porque houve sesmeiro com catorze, com onze e com seis sesmarias. Lourenço teve o excesso de vinte e duas doações (Tomáz Pompeu, Sesmarias Cearenses, refere vinte e três; cf. Dic. Bio-bibliográfico, I vol., 13).
Onde estavam estas terras a serem situadas de gado? No São Francisco, no riacho São João (Vocoró), no riacho dos Porcos, no Rio Jaguaribe, na ribeira do Quixelô, nos rios Caríus e Bastiões, nos Inhamuns, no Rio Acaraú e na Lagoa do Iguatu.
Por incrível que pareça, foi tal a atividade deste homem em tão vasto império que apenas uma sesmaria dele caiu em comisso, por falta de cultivo, e ele cuidou em requerê-la de novo: a do sítio de Santo Antônio e Riacho Cariuzinho (cf. Catálogo de Documentos Manuscritos Avulsos da Capitania do Ceará, Gisafran Nazareno Mota Jucá, 1999, n.º 636).
Uma pergunta zoa no espaço: todos os Feitosas do Brasil descendem de Francisco Alves Feitosa, porque o filho único de Lourenço morreu solteiro; como é que os Feitosas se multiplicaram tanto, em tão pouco tempo, a ponto de entre 1707 e 1724 (guerra com os Montes) já formarem um exército?
A 7 de fevereiro de 1725, o povo fez requerimento ao Senado da Câmara de Aquiraz, dizendo que o “Ouvidor José Mendes Machado, chegando à fazenda São Mateus dos Inhamuns, acham o Comissário Lourenço Alves Feitosa e seu irmão o Coronel Francisco Alves Feitosa, com seus parentes, etc. (Antônio Bezerra, Algumas Origens do Ceará, 1918, p. 137).
Juntando isso ao que Leonardo Feitosa dizia, que se fosse fazer um livro com os filhos ilegítimos dos Feitosas, daria um volume superior ao tratado Genealógico da Família Feitosa, eu suspeito que os grandes sesmeiros tinham a legítima esposa, e mais uma ou algumas mulheres nas casas das outras sesmarias; do contrário, a evolução dos Feitosas teria sido bem mais lenta.
Junto mais um dado a esta suspeita: em 1949, ajudei numa visita Pastoral de Dom Francisco de Assis Pires em Iguatu; fiquei pasmado com o número de Feitosas na Lagoa do Iguatu, exatamente onde foi sesmeiro Lourenço Alves Feitosa e causa dos desentendimentos entre Feitosas e Montes.
O Ceará custou muito a ser colonizado, por força da organização dos gentios e do General-seca, que espantavam toda possibilidade de assentamento da gente branca. Falhou a expedição de Perp Coelho de Sousa; falhou a catequese dos jesuítas; falhou o esforço de Martin Soares Moreno; mas não falhou a “Entrada” colonizadora dos sesmeiros pelo Acaraú, pelo Jaguaribe e pelo Riacho dos Porcos.
Lourenço Alves Feitosa fez uma autêntica e ousada Entrada e uma real e verdadeira Colonização, abrangendo quase todo o território do Ceará. Sua fazenda-sede chamava-se Fazenda da Serra, na ponta direita do primeiro vão da serra (direita de quem desce o rio Jaguaribe) que forma o boqueirão grande do Arneiroz, a meia distância da primeira sede da fazenda Barra do Jucá e da segunda definitiva sede, ao voltar do degredo do Piauí, de Francisco Alves Feitosa.
Patrono da Cadeira nº. 18
1. O Tempo:
Uma figura importante do Minho de Portugal veio para o Brasil: João Alves Feitosa, acompanhado do irmão José Alves Cavalcante.
Quando se deu isto? Podemos aproximar as datas, de acordo com os documentos e a lei. Em 1680, João Alves Feitosa foi requerente, com 9 companheiros, de uma sesmaria de 40 léguas em Araripecico, às margens do São Francisco, perto de Penedo. Um companheiro no requerimento era o filho Lourenço Alves Feitosa. Segundo informação do Dr. Vinícius Barros Leal, do Instituto do Ceará, a lei determinava que o requerente devia ser maior de 18 anos. Concedendo-se o mínimo de três anos para João Alves Feitosa chegar ao Brasil, casar e ter filho, vamos ter a data de 1659 para sua entrada no País Brasil.
João Alves Feitosa aqui conquistou o posto de Capitão de Milícias da Colônia (cf. Dicionário Bio-bibliográfico da Família Feitosa, I vol.,6). Casou com Dona Ana Gomes Vieira, filha do rico colono Coronel Manoel Martins Chaves, dono de terras em Alagoas e Sergipe, numa e outra margem do São Francisco.
2. Ascendentes:
Lourenço era filho de João Alves Feitosa e sobrinho de José Alves Cavalcante. Ambos assinavam com Alves no nome. Alves é síncope de Álvares, no linguajar de Portugal, é genitivo de Álvaro, algum ascendente dos dois.
O sobrenome Álvares é anterior e mais importante que o sobrenome Feitosa. Álvares vem ligado a dois ascendentes mui ilustres – o Benaventurado Nun’Álvares, o Condestável, a quem os cratenses de Portugal erigiram um monumento bem à entrada da cidade de Crato do Alentejo, e o descobridor Pedro Álvares Cabral. Portanto para quem é Feitosa vale a pena assinar Alves Feitosa. Esquisita a atitude do Mons. Antônio Feitosa que, já ordenado sacerdote, foi a cartório e retirou Alves de seu nome.
Feitosa passou de locativo a personativo com João Alves Feitosa, cujo nome anterior devia ser João Alves Cavalcante, como o irmão José Alves Cavalcante.
O motivo da modificação no nome deve ter sido entre saudosismo da terra natal e identificação da procedência: da Feitosa, freguesia do Distrito de Ponte do Lima.
Cavalcante com “i” e Cavalcante com “e” não designam nobresa ou plebeísmo, mas fidelidade à língua: na Itália, Cavalcanti com “i”; em Portugal e no Brasil, Cavalcante com “e”.
3. Os Lugares:
A primeira parada de João Alves Feitosa no Brasil foi em Penedo, nas Alagoas. Aí deve ter demorado, porque fez conhecimento, namorou, casou, teve filhos e requereu sesmaria; a segunda foi em Serinhaém, em Pernambuco, perto de Ipojuca; a terceira foi no Icó, onde pode ter sido pouco tempo, afim de orientar-se no andretamento no Ceará; João Brígido pensa que ele livrando-se da guerra holandesa; a quarta, segundo Raimundo Girão e José Alves de Figueiredo, romancista de Crato, foi em Santana do Cariri, onde erigiu a igreja, depois matriz da freguesia (Dic. Bio-bibliográfico, I vol., 5 e 6).
João Alves Feitosa, ao ingressar no Ceará, não desprezou suas sesmarias no São Francisco nem as deixou cair em comisso, pois seus netos iam anualmente ao São Francisco receber rendas de terras, conforme se lê no Tratado Genealógico da Família Feitosa, (p. 21, 2ª. Ed.). Suas terras lá continuaram, por herança, a pertencer a Lourenço, seu filho, e Pedro Alves Feitosa, seu neto, pelo lado de Francisco.
4. O Mega Sesmeiro:
Por princípio e para nossa informação, as sesmarias eram em média de três léguas e de quatro sesmarias por indivíduo. As sesmarias de 30 e 40 léguas eram para vários parceleiros que entre si combinavam o lugar e tamanho da posse. Em tudo isso houve exceção e preferência, porque houve sesmeiro com catorze, com onze e com seis sesmarias. Lourenço teve o excesso de vinte e duas doações (Tomáz Pompeu, Sesmarias Cearenses, refere vinte e três; cf. Dic. Bio-bibliográfico, I vol., 13).
Onde estavam estas terras a serem situadas de gado? No São Francisco, no riacho São João (Vocoró), no riacho dos Porcos, no Rio Jaguaribe, na ribeira do Quixelô, nos rios Caríus e Bastiões, nos Inhamuns, no Rio Acaraú e na Lagoa do Iguatu.
Por incrível que pareça, foi tal a atividade deste homem em tão vasto império que apenas uma sesmaria dele caiu em comisso, por falta de cultivo, e ele cuidou em requerê-la de novo: a do sítio de Santo Antônio e Riacho Cariuzinho (cf. Catálogo de Documentos Manuscritos Avulsos da Capitania do Ceará, Gisafran Nazareno Mota Jucá, 1999, n.º 636).
Uma pergunta zoa no espaço: todos os Feitosas do Brasil descendem de Francisco Alves Feitosa, porque o filho único de Lourenço morreu solteiro; como é que os Feitosas se multiplicaram tanto, em tão pouco tempo, a ponto de entre 1707 e 1724 (guerra com os Montes) já formarem um exército?
A 7 de fevereiro de 1725, o povo fez requerimento ao Senado da Câmara de Aquiraz, dizendo que o “Ouvidor José Mendes Machado, chegando à fazenda São Mateus dos Inhamuns, acham o Comissário Lourenço Alves Feitosa e seu irmão o Coronel Francisco Alves Feitosa, com seus parentes, etc. (Antônio Bezerra, Algumas Origens do Ceará, 1918, p. 137).
Juntando isso ao que Leonardo Feitosa dizia, que se fosse fazer um livro com os filhos ilegítimos dos Feitosas, daria um volume superior ao tratado Genealógico da Família Feitosa, eu suspeito que os grandes sesmeiros tinham a legítima esposa, e mais uma ou algumas mulheres nas casas das outras sesmarias; do contrário, a evolução dos Feitosas teria sido bem mais lenta.
Junto mais um dado a esta suspeita: em 1949, ajudei numa visita Pastoral de Dom Francisco de Assis Pires em Iguatu; fiquei pasmado com o número de Feitosas na Lagoa do Iguatu, exatamente onde foi sesmeiro Lourenço Alves Feitosa e causa dos desentendimentos entre Feitosas e Montes.
O Ceará custou muito a ser colonizado, por força da organização dos gentios e do General-seca, que espantavam toda possibilidade de assentamento da gente branca. Falhou a expedição de Perp Coelho de Sousa; falhou a catequese dos jesuítas; falhou o esforço de Martin Soares Moreno; mas não falhou a “Entrada” colonizadora dos sesmeiros pelo Acaraú, pelo Jaguaribe e pelo Riacho dos Porcos.
Lourenço Alves Feitosa fez uma autêntica e ousada Entrada e uma real e verdadeira Colonização, abrangendo quase todo o território do Ceará. Sua fazenda-sede chamava-se Fazenda da Serra, na ponta direita do primeiro vão da serra (direita de quem desce o rio Jaguaribe) que forma o boqueirão grande do Arneiroz, a meia distância da primeira sede da fazenda Barra do Jucá e da segunda definitiva sede, ao voltar do degredo do Piauí, de Francisco Alves Feitosa.
6 comentários:
Adimirável é o esforço desse sodalício em forjar conjunturas sobre temas tão obnubilados. No entanto, ressalto que as 22 sesmarias pertenceram a Francisco e não a Lourenço, apesar deste último ter recebido mais sesmarias que seu irmão. Ademais, o patronímico, nome de família ou sobrenome Alvares e sua corruptela Alves não possuem origem nobre em Portugal. Por derradeiro, os livros sobre sesmarias pernambucanas(DOCUMENTAÇÃO HISTÓRICA PERNAMBUCANA, VOLUMES I E II) não registram os nomes de João Alves da Feitosa, nem mesmo João Alves Cavalcante.
Ledo engano, o meu, ao acreditar que tais datas de sesmarias estariam nesses volumes, se estão no de volume IV. 70 léguas para 13 sesmeiros, afora o capitão João e Lourenço. Erro ainda maior foi não atribuir as 22 sesmaria a Lurenço, mas o mais certo é dizer que Francisco foi o maior sesmeiro do Ceará, pois acredito que tenha herdado as de seu irmão primogênito, juntamente com as da cunhada e do sobrinho, totalizando 35 concessões, mais de 100 léguas quadradas, que dependendo do tamanho do padrão légua da época reprasentavam de 3% a 7% do atual território cearense. Quanto a José Alves Cavalcante, sua existência foi imortalizada pelo romance "Ana Mulata" de José Alves de Figueiredo, rebento da família Feitosa (Pe. F. Montenegro, "As Quatro Sergipanas").
Shalom! Parabéns pelo presente Artigo, o qual nos brinda com várias informações Genealógicas, para orientar, aqueles que, buscam respostas através das Pegadas na História dos Nossos Antepassados e seus feitos.
Um abraço fraterno,
Creomildo Cavalhedo Leite.
E-mail: creomildo04@yahoo.com.br
Admiravel pesquisa
Assim traremos o nosso passado para viver melhor o nosso presente e fazer um futuro melhor
porra nesse curral aí só tem feitosa ocupando as cadeiras da academia de letras,rapas voçes num dão oportunidade pra ninguem eita que é abutris
Gostaria de saber quem é o autor do artigo, pois não assinou o mesmo.
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