DESCRENÇA E TREVA
Ali, represo ao pé de colossal barreira
Grande volume d’água, esparsa junto à vila,
Com flavo brilho de ouro enfeita-se e rutila
Do sol à projeção melífua, derradeira.
E o sol no ocaso imerge. A superfície inteira,
D’água não mais tresluz serena, mui tranqüila.
Da noite já o sedal escuro vem cobri-la,
E enfim todo o esplendor esvai dessa maneira.
Se foge uma esperança, uma ilusão ou crença
Que temos, qual farol, na senda desta vida,
E assim foge seu brilho excelso num momento.
Vem-nos do desengano a espessa treva imensa
Também nossa alma cai descrente, amortecida,
No negro pesadelo, atroz desalento.
(Sebastião Cavalcante. Revista Fortaleza, abril 1907)
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário