ÉTICA E MORAL: algumas considerações
A abordagem do tema Ética e Moral nos induz a algumas considerações preliminares. Inicialmente convém estabelecer a distinção entre Ética e Moral. Estes termos são sinônimos? Sim, no linguajar cotidiano. Entrementes, distintos à luz da Filosofia.
A Ética é constituída por princípios e valores. A Moral pelos costumes. Melhor explicitando: a Ética repousa na Axiologia, a Moral repousa na ação concreta; a Ética é de caráter teórico, o Moral é de natureza prática. A Ética é a teoria, a ciência do comportamento moral; a Moral é definida como um conjunto de normas que norteiam o comportamento humano.
Em que pese esta distinção é muito clara a correlação entre ambas: tanto a Ética quanto a Moral dizem respeito ao agir humano, ao fazer do homem: a Ética delineando os princípios e valores deste agir e a Moral concretizando-os no dia-a-dia.
A origem histórica e etimológica dos termos Ética e Moral por si só evidenciam esta distinção. Etimologicamente a palavra Ética provem do grego “ethos” significando o modo de ser, o caráter. Os romanos, por seu turno, traduziram o “ethos” grego para o latim “mos” (no plural “mores”) significando costumes, hábitos.
Certo é que tanto o termo “ethos” (caráter) como o termo “mos” (costume) apontam na direção do “fazer humano”, do seu agir, de sua ação. Encontrar uma jóia em uma caçada e dela tomar posse pode ser um costume, um gesto habitual freqüentemente visto nos dias atuais. Entretanto, responder à questão: é justa esta posse? – é uma indagação que nos remete ao campo da Ética. Da mesma forma, o costume de um jovem consumir drogas por conta do ambiente em que vive é visto como uma ação corriqueira, mas, sobre ele recai a pergunta: - é licito tal comportamento?
Muitos foram os pensadores (filósofos) que se debruçaram sobre a problemática da Ética e da Moral. Historicamente reconstituindo o tema já temos no “O Banquete” de Platão os primórdios desta questão no nascedouro da cultura helênica no distante século IV a.C.
Na Idade Média tanto o pensamento tomista (Tomás de Aquino) quanto escolástico (Agostinho, Pedro Abelardo e outros) também se ocupam deste assunto.
No século XVII, Barruch Spinoza (1632-1677) com sua obra Ética; Nicolau Malebranche (1638-1715) com o escrito Tratado de Moral; John Locke (1632-1704) com seu Tratado do Governo Civil também discutiram a mesma questão sob o ângulo filosófico.
No século seguinte (XVIII), em plena Idade Moderna, a obra “Os Fundamentos da Metafísica dos Costumes” de Emanuel Kant retoma esta problemática, por sinal lançando uma revisão crítica sobre o conceito de Ética e de Moral esposado até sua época e encarnados por David Hume (1711-1776) e Jean Jacques Rousseau 1712-1778). É famosa sua formulação: age unicamente segundo máxima que te leve a querer ao mesmo tempo que ela se torne lei universal”.
A Assertiva kantiana se encaminha para uma outra questão importante, ou seja, o problema da liberdade que “consiste na obediência à lei autoprescrita” (Roussau).
Na Idade Contemporânea certamente nenhum pensador como o filósofo-pedagogo norte-americano John Dewey melhor tratou da problemática em tela. Coube a Dewey nos trazer a importante distinção entre “moralidade costumeira” e “moralidade reflexiva”, pondo a primeira seu enfoque nas regras de conduta e a segunda apelando para a consciência (Leia-se deste autor Teoria da Vida Moral). Posição de destaque ocupa igualmente neste período o filósofo françês Jean Paul Sartre publicando O Ser e o Nada e o existencialista Albert Camus com O Avesso e o Direito.
Ética e Moral não fugiram às considerações de filósofos brasileiros, entre outros, Raimundo Farias Brito (A Verdade Como Regra das Ações) e Alceu Amoroso Lima ou simplesmente Tristão de Athayde com a obra Os Direitos do Homem e o Homem sem Direitos.
Vivemos atualmente uma crise ética. Valores apregoados como perenes e absolutos encontram-se aviltados e banalizados pela sociedade hodierna. O capitalismo selvagem dos dias atuais empana as consciências desvirtuando-as de uma prática ética e moral. A vida – como valor supremo do ser humano – é sacrificada em nome deste capitalismo que se expressa em guerras e destruição. Para onde caminha a humanidade? Esta indagação (título de um longa-metragem) postula de nossa parte uma reflexão que nos leve a uma prática de vida em que o respeito ao outro, a supremacia da vida sobre a morte, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento científico e tecnológico sejam vistos como instrumentos de continuidade e não destruição da própria humanidade.
A abordagem do tema Ética e Moral nos induz a algumas considerações preliminares. Inicialmente convém estabelecer a distinção entre Ética e Moral. Estes termos são sinônimos? Sim, no linguajar cotidiano. Entrementes, distintos à luz da Filosofia.
A Ética é constituída por princípios e valores. A Moral pelos costumes. Melhor explicitando: a Ética repousa na Axiologia, a Moral repousa na ação concreta; a Ética é de caráter teórico, o Moral é de natureza prática. A Ética é a teoria, a ciência do comportamento moral; a Moral é definida como um conjunto de normas que norteiam o comportamento humano.
Em que pese esta distinção é muito clara a correlação entre ambas: tanto a Ética quanto a Moral dizem respeito ao agir humano, ao fazer do homem: a Ética delineando os princípios e valores deste agir e a Moral concretizando-os no dia-a-dia.
A origem histórica e etimológica dos termos Ética e Moral por si só evidenciam esta distinção. Etimologicamente a palavra Ética provem do grego “ethos” significando o modo de ser, o caráter. Os romanos, por seu turno, traduziram o “ethos” grego para o latim “mos” (no plural “mores”) significando costumes, hábitos.
Certo é que tanto o termo “ethos” (caráter) como o termo “mos” (costume) apontam na direção do “fazer humano”, do seu agir, de sua ação. Encontrar uma jóia em uma caçada e dela tomar posse pode ser um costume, um gesto habitual freqüentemente visto nos dias atuais. Entretanto, responder à questão: é justa esta posse? – é uma indagação que nos remete ao campo da Ética. Da mesma forma, o costume de um jovem consumir drogas por conta do ambiente em que vive é visto como uma ação corriqueira, mas, sobre ele recai a pergunta: - é licito tal comportamento?
Muitos foram os pensadores (filósofos) que se debruçaram sobre a problemática da Ética e da Moral. Historicamente reconstituindo o tema já temos no “O Banquete” de Platão os primórdios desta questão no nascedouro da cultura helênica no distante século IV a.C.
Na Idade Média tanto o pensamento tomista (Tomás de Aquino) quanto escolástico (Agostinho, Pedro Abelardo e outros) também se ocupam deste assunto.
No século XVII, Barruch Spinoza (1632-1677) com sua obra Ética; Nicolau Malebranche (1638-1715) com o escrito Tratado de Moral; John Locke (1632-1704) com seu Tratado do Governo Civil também discutiram a mesma questão sob o ângulo filosófico.
No século seguinte (XVIII), em plena Idade Moderna, a obra “Os Fundamentos da Metafísica dos Costumes” de Emanuel Kant retoma esta problemática, por sinal lançando uma revisão crítica sobre o conceito de Ética e de Moral esposado até sua época e encarnados por David Hume (1711-1776) e Jean Jacques Rousseau 1712-1778). É famosa sua formulação: age unicamente segundo máxima que te leve a querer ao mesmo tempo que ela se torne lei universal”.
A Assertiva kantiana se encaminha para uma outra questão importante, ou seja, o problema da liberdade que “consiste na obediência à lei autoprescrita” (Roussau).
Na Idade Contemporânea certamente nenhum pensador como o filósofo-pedagogo norte-americano John Dewey melhor tratou da problemática em tela. Coube a Dewey nos trazer a importante distinção entre “moralidade costumeira” e “moralidade reflexiva”, pondo a primeira seu enfoque nas regras de conduta e a segunda apelando para a consciência (Leia-se deste autor Teoria da Vida Moral). Posição de destaque ocupa igualmente neste período o filósofo françês Jean Paul Sartre publicando O Ser e o Nada e o existencialista Albert Camus com O Avesso e o Direito.
Ética e Moral não fugiram às considerações de filósofos brasileiros, entre outros, Raimundo Farias Brito (A Verdade Como Regra das Ações) e Alceu Amoroso Lima ou simplesmente Tristão de Athayde com a obra Os Direitos do Homem e o Homem sem Direitos.
Vivemos atualmente uma crise ética. Valores apregoados como perenes e absolutos encontram-se aviltados e banalizados pela sociedade hodierna. O capitalismo selvagem dos dias atuais empana as consciências desvirtuando-as de uma prática ética e moral. A vida – como valor supremo do ser humano – é sacrificada em nome deste capitalismo que se expressa em guerras e destruição. Para onde caminha a humanidade? Esta indagação (título de um longa-metragem) postula de nossa parte uma reflexão que nos leve a uma prática de vida em que o respeito ao outro, a supremacia da vida sobre a morte, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento científico e tecnológico sejam vistos como instrumentos de continuidade e não destruição da própria humanidade.
Prof. Dr. Aécio Feitosa
Membro da Academia Tauaense de Letras ocupante da Cadeira N.º 15 tendo como patrono o Coronel Eufrásio Alves Feitosa, fundador da igreja de Arneiroz.
Membro da Academia Tauaense de Letras ocupante da Cadeira N.º 15 tendo como patrono o Coronel Eufrásio Alves Feitosa, fundador da igreja de Arneiroz.
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