DIMAS MACEDO
dimacedo@pge.ce.gov.br
Pede-me, Almircy Pinto, que eu examine o seu conjunto de poemas inéditos. Mas deixa claro – muito claro, mesmo – que não aspira aos louvores do reconhecimento. Fala-me que na família já existe o autor de Circo Encantado (1976) e de Carta do Pássaro (2004). E que Barros Pinho não seria a pessoa mais isenta (ou a mais indicada) para avaliar a sua criação, no contexto da arte literária.
Esquece, no entanto, Almircy, que alguns dos seus versos já foram musicados e que ele, para sua honra, é filho de um homem de indiscutível alma de poeta, que sempre pautou a sua vida para o exercício humanitário do bem e para os valores da política fundada na ética e na verdade. E que é descendente, pelo sangue de Dona Senhorinha Aracy, de uma estirpe de intelectuais da mais alta expressão e reconhecimento.
Seu pai, o Senador Almir Pinto, é bisneto de Fideralina Augusto e sobrinho-neto de Nogueira Accioly. Além de político e médico de renome, sobressaiu-se como retor primoroso e autor de livros e opúsculos sobre questões sociais da maior relevância. O Parlamento em Versos (1984) constitui o livro no qual condensou a sua produção de poeta.
João Clímaco Bezerra, Prisco Bezerra, Irmã Paula Bezerra, Pery Augusto Bezerra, Hylo Bezerra Gurgel, Raul Bezerra, Luiz Gonzaga Alves Bezerra, Vicente Bezerra Neto, Roberto Cláudio Bezerra, Maria Arair Pinto Paiva e Roberto Cláudio Rodrigues Bezerra – estão entre os intelectuais e escritores, com os quais, a Família Bezerra, da cidade de Lavras, serviu à literatura, à política e à magistratura do Ceará e do Brasil.
Almircy, em quase tudo, me parece uma síntese da linhagem política do seu pai e dos pendores com que o intelecto ungiu os seus familiares pelo lado materno. No Ceará tem assumido a política enquanto serviço público e estratégia, enquanto vocação e exercício sereno da inteligência.
Sei que os leitores, com certa procedência, estão me perguntando se Almircy é poeta. E por que uma marca (ou talvez um símbolo), na ancestralidade de um homem, pode definir a sua condição. Respondo que não é sobre isto que estou falando. Aliás, no campo da criação e do juízo, um pouco do emblema divino, ou um tanto, não muito menos, de luz e de mistério, se fazem, no geral, o maior de todos os acertos.
Almircy Pinto é poeta, sim, sendo, no entanto, um poeta da solidão e do afeto; um poeta da resignação e da beleza; um poeta da ternura e da vida a dois compartilhada; um poeta do espanto e da grande realização do desejo.
Asas da saudade, lírios e estrelas do cotidiano, braços em busca da amplidão e do caminho, corpos que se rendem e se aninham e nuvens que voam pelo céu da boca e se condensam – são traços com que se firmam a escansão poemática e a construção literal e estrófica destes musicais Poemas do Outono.
Neste seu livro de estréia – impõe-se que aqui se registre – Almircy Pinto se assume poeta na melhor acepção do vocábulo: é lírico, genuinamente lírico e defensor da melopéia e da palavra ritmada como recursos extremos na construção da poesia de boa qualidade.
A melopéia, quando se harmoniza ou quando se conjuga com a lírica, gera o milagre da partitura musicada ou da escansão que se pauta na sinfonia sublime do silêncio.
Este livro – Poemas do Outono –, enquanto ponto de partida do desejo, em busca da solidão e do afeto, se adequa a este postulado: constitui um conjunto de letras ritmadas, que se transmutam em peças literárias de alcance sonoro e polifônico.
Sei que a poesia se faz com palavras e não com idéias. Sei que uma letra não é um poema, assim como ninguém é obrigado a fazer um poema escrevendo uma poesia de boa fatura literária.
E o autor deste livro, Sebastião Almircy, ainda não sendo um escritor de carreira, é um bom ouvinte das palavras. Não sei se um dia ele será um músico de talento. Mas um poeta, com certeza, ele já o é, com acentos na melhor leveza da palavra. E com esta afirmação, creiam os leitores deste livro, eu não tenho receio de errar. Ou de perder a minha condição de crítico e de poeta.
dimacedo@pge.ce.gov.br
Pede-me, Almircy Pinto, que eu examine o seu conjunto de poemas inéditos. Mas deixa claro – muito claro, mesmo – que não aspira aos louvores do reconhecimento. Fala-me que na família já existe o autor de Circo Encantado (1976) e de Carta do Pássaro (2004). E que Barros Pinho não seria a pessoa mais isenta (ou a mais indicada) para avaliar a sua criação, no contexto da arte literária.
Esquece, no entanto, Almircy, que alguns dos seus versos já foram musicados e que ele, para sua honra, é filho de um homem de indiscutível alma de poeta, que sempre pautou a sua vida para o exercício humanitário do bem e para os valores da política fundada na ética e na verdade. E que é descendente, pelo sangue de Dona Senhorinha Aracy, de uma estirpe de intelectuais da mais alta expressão e reconhecimento.
Seu pai, o Senador Almir Pinto, é bisneto de Fideralina Augusto e sobrinho-neto de Nogueira Accioly. Além de político e médico de renome, sobressaiu-se como retor primoroso e autor de livros e opúsculos sobre questões sociais da maior relevância. O Parlamento em Versos (1984) constitui o livro no qual condensou a sua produção de poeta.
João Clímaco Bezerra, Prisco Bezerra, Irmã Paula Bezerra, Pery Augusto Bezerra, Hylo Bezerra Gurgel, Raul Bezerra, Luiz Gonzaga Alves Bezerra, Vicente Bezerra Neto, Roberto Cláudio Bezerra, Maria Arair Pinto Paiva e Roberto Cláudio Rodrigues Bezerra – estão entre os intelectuais e escritores, com os quais, a Família Bezerra, da cidade de Lavras, serviu à literatura, à política e à magistratura do Ceará e do Brasil.
Almircy, em quase tudo, me parece uma síntese da linhagem política do seu pai e dos pendores com que o intelecto ungiu os seus familiares pelo lado materno. No Ceará tem assumido a política enquanto serviço público e estratégia, enquanto vocação e exercício sereno da inteligência.
Sei que os leitores, com certa procedência, estão me perguntando se Almircy é poeta. E por que uma marca (ou talvez um símbolo), na ancestralidade de um homem, pode definir a sua condição. Respondo que não é sobre isto que estou falando. Aliás, no campo da criação e do juízo, um pouco do emblema divino, ou um tanto, não muito menos, de luz e de mistério, se fazem, no geral, o maior de todos os acertos.
Almircy Pinto é poeta, sim, sendo, no entanto, um poeta da solidão e do afeto; um poeta da resignação e da beleza; um poeta da ternura e da vida a dois compartilhada; um poeta do espanto e da grande realização do desejo.
Asas da saudade, lírios e estrelas do cotidiano, braços em busca da amplidão e do caminho, corpos que se rendem e se aninham e nuvens que voam pelo céu da boca e se condensam – são traços com que se firmam a escansão poemática e a construção literal e estrófica destes musicais Poemas do Outono.
Neste seu livro de estréia – impõe-se que aqui se registre – Almircy Pinto se assume poeta na melhor acepção do vocábulo: é lírico, genuinamente lírico e defensor da melopéia e da palavra ritmada como recursos extremos na construção da poesia de boa qualidade.
A melopéia, quando se harmoniza ou quando se conjuga com a lírica, gera o milagre da partitura musicada ou da escansão que se pauta na sinfonia sublime do silêncio.
Este livro – Poemas do Outono –, enquanto ponto de partida do desejo, em busca da solidão e do afeto, se adequa a este postulado: constitui um conjunto de letras ritmadas, que se transmutam em peças literárias de alcance sonoro e polifônico.
Sei que a poesia se faz com palavras e não com idéias. Sei que uma letra não é um poema, assim como ninguém é obrigado a fazer um poema escrevendo uma poesia de boa fatura literária.
E o autor deste livro, Sebastião Almircy, ainda não sendo um escritor de carreira, é um bom ouvinte das palavras. Não sei se um dia ele será um músico de talento. Mas um poeta, com certeza, ele já o é, com acentos na melhor leveza da palavra. E com esta afirmação, creiam os leitores deste livro, eu não tenho receio de errar. Ou de perder a minha condição de crítico e de poeta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário