A ATL tem por objetivo congregar escritores e intelectuais de todas as vertentes, propugnar por todos os meios ao seu alcance pela difusão, resgate, promoção e conservação evolutiva da cultura, incentivando sempre a criação literária.
No dia 5 de março de 2005 às 19 horas no Auditório da Escola Liceu de Tauá “Lili Feitosa”, foi fundada a Academia Tauaense de Letras, naquele momento imortalizado 14 Cadeiras com os seus Patronos e respectivos Membros Fundadores.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

AUTO RETRATO JANUÁRIO FEITOSA

Januário Feitosa (in memória)
Membro cadeira nº. 16

AUTO – RETRATO
Páginas de Minha Vida

MEUS ANCESTRAIS MAIORES

Minha família é de origem portuguesa. Seu primeiro representante a chegar ao Brasil em meados do século XVIII foi João Alves Feitosa. Era proveniente da povoação “Feitosa”, Freguesia do Minho, Portugal, pertencente à Comarca de Ponte Lima, situada a 30 quilômetros ao Oeste de Braga e 375 ao Norte de Lisboa. É ele o tronco genealógico comum da hoje numerosa família Feitosa.
Descendo desta muito distante raiz genealógica, nascida nos Inhamuns. Dela proveio Justino Alves Feitosa (1º) meu bisavô, natural do Arneiroz.
Por volta de 1840 o patriarca Justino deixou aquela região e veio fixar-se nas circunvizinhanças de Barbalha, Cariri, onde arrendou o Sítio Roncador.
No Roncador contraiu casamento com Bauduína Feitosa de Oliveira Cabral, tendo entre outros filhos Normando Alves Feitosa que se casou com Maria Perciliana dos Santos e dela deixou o filho Justino Alves Feitosa (2º), casado com Francisca Maria Feitosa que são meus pais.
Estas são minhas raízes genealógicas.
PARAIBANO POR ACASO
Todos meus irmãos são cearenses. Todavia, sou um “paraibano por acaso”. Explico.
Transcorria o ano de 1914. O Ceará enfrentava um delicado momento político. De um lado, estavam as forças governistas, liderado pelo então presidente do Estado, Marcos Franco Rabelo. Do outro estavam as forças adversárias e rebeldes chefiadas pelo Senador Floro Bartolomeu, médico e assessor do Padre Cícero Romão Batista, sediado em Juazeiro do Norte.
Um clima com ares de conflito armado pairava sobre a região do Cariri onde residiam meus pais. Temendo um possível derramamento de sangue Justino Alves Feitosa, meu genitor, decidiu conduzir sua família para o Estado da Paraíba. Fixou moradia na Lagoa do Mato, proximidades de Cajazeiras. Minha mãe encontrava-se grávida de quem escreve estas linhas. Foi ali que a 28 de dezembro de 1914 eu nasci.
Tão logo serenaram os ânimos no Ceará, minha família retornou ao solo alecarino, indo resistir em Aurora, Cariri. Nestes termos Justifica-se minha afirmação de que sou um “Paraibano por acaso”.

DA INFÂNCIA A MATURIDADE

Iniciei meus primeiros estudos primários no sítio Ipueiras aos sete anos de idade recebendo os ensinamentos da Professora Nilza Cabral. Prossegui a caminhada nestes estudos na cidade de Aurora com o Professor Luiz Gonzaga Maciel.
Foi igualmente em Aurora que meu pai me iniciou nas atividades comerciais. Era ele produtor agrícola. Semelhantemente e já contando meus 14 anos de idade dirigia-me à cidade de Cajazeiras, chefiando alguns almocreves e uma tropa de animais carregados com variados produtos agrícolas. Tomei gosto pelas atividades comerciais. Assim, aos 29 anos de idade tornei-me comerciante autônomo, na cidade do Barro.
Em 1934, com um pequeno capital acumulado associei-me a José Leite de Araújo Cabral, meu cunhado, passando a explorar o comércio de tecidos e de algodão em pluma.
Seis anos depois, a convite de Antenor Ferreira Lins, firmamos uma sociedade no ramo de algodão. Esta parceria teve a duração de 10 anos.
Entre 1946 e 1951 mantive um Escritório de Representação na cidade de Campina Grande, Paraíba, coordenando, a venda de algodão por mim produzido bem como de outros produtores.
Em 1951 transferi-me definitivamente para Fortaleza, dando continuidade as minhas atividades comerciais e industriais.
TRAJETÓRIA POLÍTICA
Sem menosprezar o interesse pelas atividades comerciais herdei do meu pai a vocação política. A esta árdua e ao mesmo tempo gratificante missão passei a dedicar grande parte de meus dias.
Em 1958, incentivado pelo apoio de milhares de conterrâneos, centenas de amigos e meus familiares, ingressei na política elegendo-me Suplente para a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará. Logo depois vi consolidada minha presença como efetivo representante do meu povo naquele egrégio colegiado.
No mandato de Deputado Estadual estive por quase 12 anos consecutivos, recebendo o sufrágio dos votos nas eleições.
Provavelmente, como tributo à minha atuação na Assembléia do Estado os cearenses elegeram-me Deputado Federal em 1971, sendo reeleito para períodos legislativos sucessivos que se estenderam até 1982.
No Parlamento Nacional representando os anseios da coletividade alencarina foi de minha iniciativa, entre outras, o Projeto N.º 837/72 autorizando o Poder Executivo a conceder empréstimos através do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste para a construção de açudes e barragens a agricultores residentes na área do chamado Polígono das Secas. Os resultados desta iniciativa foram deveras gratificantes beneficiando o sertão nordestino com bacias hídricas situadas em diversos Estados da Federação.
Ainda no Congresso construí sólidas amizades com altas expressões da política brasileira e integrei a Comissão de Segurança Nacional.
Em 1982 tive a subida honra de ser designado pela Câmara dos Deputados para integrar a delegação brasileira à 69ª. Conferência Interparlamentar realizada em Roma. Nesta oportunidade privei de audiência com o Papa João Paulo II.
Outras realizações minhas como parlamentar deixo de enumerar.

PRODUÇÃO LITERÁRIA

Percorri também os caminhos da literatura escrita sendo de minha autoria os seguintes trabalhos:
O Sertão do Meu Tempo, editado em 1988;
O Vaqueiro: resgate histórico e crônicas reunidas, 2003;
Do Sertão ao Parlamento, com edição em 1978;
Eméritos Cearenses Que Honraram a Nossa História, edição em 1982, exemplar hoje integrado ao acervo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos da América do Norte;
Os Feitosa do Barro Cariri, edição prevista para 2004.

5 comentários:

Creomildo04@gmail.com disse...

Shalom! A alegria com que o Autor retrata seus Ancestrais é muito significativa e deixa a todos uma bela lição que é valorizar a História da Família do Nosso Clã, somos parte de um todo, de um Ciclo de Semeadura em que, a Posteridade irá com elementos e ferramentas próprias do seu tempo poder, analisar a contribuição de cada um de nós deste tempo presente, se fizemos, parte do Palco da História, como Atores Atuantes ou se, fomos apenas, Expectadores dos Fatos e Acontecimentos, assistidos das arquibancadas ou da telinha.
Um abraço fraterno,
Creomildo Cavalhedo Leite.
E-mail: creomildo04@yahoo.om.br

Unknown disse...

Bom dia. Amigos e parentes recomendo o livro Tratado Genealógico da Família Feitosa do Cel. Leonardo Feitosa.

Unknown disse...

Lembrando que outras relações de migrações antecedem a vinda da Família Feitosa de Portugal ao Brasil. Pois refugiados e remanescentes de guerras árabes e judias chegaram ao leste europeu, e por fim surgiram alguns empoderamentos por estes do Nome Familiar Feitosa em Portugal ingresando-os no contexto familiar. E parte desses numa contínua fuga destinaram-se ao Brasil, começando habitar a Região Várzea da Onça nas divisas de Tauá, Parambu, Aiuaba...bacia hidrográfica do Rio de Jucás e Riacho da Cruz afluentes do Rio Jaguaribe.

Unknown disse...

Outra família Araújo já no Brasil. Em Arneiroz João de Araújo Chaves da localidade Estreito teve filhos: Antonio e Joaquim Leopildino casados com as irmãs Rita e Josefa Alves Feitosa da Várzea da Onça. Estes Antonio e Joaquim formaram-se na primeira turma e primeira faculdade de direito do Brasil em Olinda-Pe.

Unknown disse...

Outra família Araújo já no Brasil. Em Arneiroz João de Araújo Chaves da localidade Estreito teve filhos: Antonio e Joaquim Leopildino casados com as irmãs Rita e Josefa Alves Feitosa da Várzea da Onça. Estes Antonio e Joaquim formaram-se na primeira turma e primeira faculdade de direito do Brasil em Olinda-Pe.