A ATL tem por objetivo congregar escritores e intelectuais de todas as vertentes, propugnar por todos os meios ao seu alcance pela difusão, resgate, promoção e conservação evolutiva da cultura, incentivando sempre a criação literária.
No dia 5 de março de 2005 às 19 horas no Auditório da Escola Liceu de Tauá “Lili Feitosa”, foi fundada a Academia Tauaense de Letras, naquele momento imortalizado 14 Cadeiras com os seus Patronos e respectivos Membros Fundadores.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

DISCURSO ALBERTO FEITOSA


Academia Tauaense de Letras
Membro: Bel. Alberto Lima Sobrinho
Patrono: Leonarda Feitosa
Cadeira n.º 3

Com altivez, encarei o projeto de criar uma academia de letras em Tauá – CE, minha terra natal. O convite me veio espontâneo, partiu de nosso então presidente durante um intervalo do curso de espanhol. A ansiedade do ingresso me dominou, mas os requisitos exigidos me constrangeram.
Foi-me solicitado um currículo e um memorial. Tudo bem. E pelo menos uma obra publicada. Então, se o mundo de Maysa já tinha caído, o meu foi junto.
“Não, não tenho nada publicado... Lamento escrevo crônicas, mas somente amigos tem acesso. Queria muito tomar parte na academia, mas assim...”
Pobre de mim! Tão inocente!
Esse contratempo, embora secretariando com dedicação a pretensa academia, perdurou até a véspera de sua instituição. Foi acalentado por críticas próximas. Bem íntimas.
“Tauá não tem nível para uma academia de letras”, “Os membros são esses?”, me interpelavam e eu padecia.
Até compreender que a academia tinha nível. E esse, com certeza, era mais elevado do que o de quem me chateava. Os membros tinham lá seus defeitos e qualidades, como eu também os tinha. Mas a cultura nos unia e o que há negativo em cada um de nós deve perecer em prol do belo, da literatura, das virtudes e da humanidade.
Eu tinha dezenas de livros públicos abertos por mim à frente do Cartório Pinto Feitosa em Arneiroz-Ce. Livros públicos, diga-se de passagem, cujas importâncias se enobreciam por relatar parte da dinâmica de um povo. Outorga de mandatos, compra e venda de imóveis, nascimentos, mortes e infindáveis dados presentes que farão a história.
Tudo sem desmerecer a lírica presente em “Sensatez ao Extremo”, obra em prosa de valor, escrita com a alma e o coração, que depara com obstáculos para ser publicada, pois não depende só de mim. Além do crivo de minha mãe, necessita dos auspícios de gente absorvida por vicissitudes, ocupações e bloqueios. E eu tento harmonizar isso, conciliar o meu trabalho com a disponibilidade da Regina Fiúza, com a agenda da Maitê Proença, com a sobriedade do Kokão. E não é fácil.
Aliás, é preciso humildade para compreender que, embora tenha estudado em boas instituições, tido mestres a quem muito devo e feito cursos de irrefutável saber, deparo com contadores de histórias – pessoas do povo – bem mais cultas que eu. Aceitar e valorizar isso é ser inteligente. É diminuir a ignorância, encontrar-se, estar em paz e ser feliz.
Estou na academia. Sou até secretário. Mas o meu intuito é inovar, escrever e progredir. Estou realizado por estar com vocês. Parabéns por me aceitarem, pois se até o meu psicanalista afirma que não tenho bloqueios, eu sei que não sou fácil e posso dar trabalho, porém primo por contemplar as Letras e sua mãe Cultura.
Como patrono, escolhi Leonardo Feitosa, homem sem estudo aprofundado, mas que foi capaz de traçar a genealogia de uma família quatrocentona e das mais tradicionais do Ceará. Sua obra serviu de base para intelectuais renomados da contemporaneidade, como o Prof. Aécio Feitosa e o Pe. Neri Feitosa. Particularmente, não gosto desse tema. No que tange a ele, até o Antigo Testamento é monótono, mas admiro quem o fez com conhecimento.
Obrigado.
Tauá, 09 de abril de 2005.

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