DESCRENÇA E TREVA
(Sebastião Cavalcante - Tauá In: Revista Fortaleza, abril 1907.
Ali, represo ao pé de colossal barreira
Grande volume dagua, esparsa junto à vila,
Com flavo brilho de ouro enfeita-se e rutila
Do sol à projeção melífua, derradeira.
E o sol no ocaso imerge. A superfície inteira,
Dagua não mais tresluz serena, mui tranqüila.
Da noite já o sedal escuro vem cobri-la,
E enfim todo o esplendor esvai dessa maneira.
Se foge uma esperança, uma ilusão ou crença
Que temos, qual farol, na senda desta vida,
E assim foge seu brilho excelso num momento.
Vem-nos do desengano a espessa treva imensa
Também nossa alma cai descrente, amortecida,
No negro pesadelo, atroz desalento.
Contribuição: Anamélia Mota
segunda-feira, 18 de junho de 2007
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